Na ocorrência de um sismo, cada minuto de alerta antecipado pode salvar muitas vidas
Como todos sabemos, vivemos em grande parte do país, em zona de elevado risco sísmico.
O Algarve, claro está, encontra-se em condições agravadas quanto à possibilidade de ocorrência de um fenómeno sísmico…
Todos interiorizamos, mais ou menos constrangidos, a noção dessa realidade. Quanto à necessidade de agir preventivamente, confiamos nas entidades responsáveis.
Só em 2023, mais de 60.000 vítimas mortais ocorreram em sismos e só na Turquia e na Síria em fevereiro, para além das enormes perdas de vidas, mais de seis milhões de pessoas ficaram desalojadas..
Mas, em Erzin, uma cidade com cerca de cem mil habitantes, na província de Hatay, na Turquia, não se registaram vítimas mortais e os danos foram quase irrelevantes. Porquê?
Porque a câmara municipal exigia e exige, sistematicamente, o cumprimento rigoroso do código de construção. Muito simples…
Só o sismo que ocorreu na Turquia e na Síria provocou mais de 60.000 mortos e 6 milhões de desalojados
A “Petpace”, organização que estuda a saúde animal, em colaboração com a London South Bank University trabalharam num projeto, através do qual utilizam a sensibilidade extra-sensorial extraordinária dos animais para deteção antecipada de sismos.
Este estudo concluiu que a instalação de sensores especiais nos animais deteta sinais efetivos, que permitem antecipar sismos, por vezes com minutos de antecedência, mas de acordo com a movimentação das placas tectónicas os animais poderão transmitir sinais de alerta com horas de antecipação, o que resulta na segurança de muitas vidas.
Os primeiros testes de implementação do projeto – “Animal Alerts” – foram realizados em Lima, no Perú, zona sísmica sob influência do Anel de Fogo do Pacífico, onde ocorrem a maioria dos eventos sísmicos e reconhecida como a área mais ativa do mundo em termos de atividade tectónica.
O sistema “Animal Alerts”, alertou antecipadamente para a ocorrência de 18 fenómenos sísmicos, tendo sido previamente avisados 9 milhões de habitantes
Utilizando este sistema no Peru, 18 eventos sísmicos foram antecipadamente detetados e 9 milhões de pessoas foram avisadas antes da ocorrência das catástrofes.
Compreendemos, perfeitamente, que no nosso país as entidades responsáveis deverão estar envolvidas em evidentes e complexos mecanismos de controlo sistemático, bem como na reação a eventos catastróficos.
O sistema institucional implementado para prevenção (?) ou reação, será, naturalmente, pesado, complexo e sujeito a regras organizacionais. Porém, claro está, muitas vidas estarão em jogo, sem contar com os prejuízos materiais e colaterais, resultantes destes eminentes fenómenos.
Prevenir, é sempre melhor do que remediar. Sem dúvida.
Leia também: A influência da gestão do território na governação do país | Por António Nóbrega