A Estratégia Europeia de Resiliência Hídrica é uma boa notícia para Portugal. Face à situação atual, para o nosso país é fundamental levar o tema da água para o topo da agenda europeia, bem como ver reconhecidas as suas preocupações e propostas de solução.
O caminho que Portugal tem vindo a trilhar, materializado na Estratégia Nacional “Água que Une”, apresentada no passado dia 9 de março, alinha-se perfeitamente com a iniciativa europeia. Poupar, reduzir consumos, reutilizar, combater perdas e otimizar a gestão deste recurso, estão entre as prioridades nacionais. Assume-se uma visão holística e integrada, com a ambição de identificar orientações e medidas para maior segurança e sustentabilidade na gestão da água, em Portugal, compatibilizando preocupações ambientais, económicas e sociais.
A Estratégia “Água que Une” reflete o compromisso do nosso país com a resiliência hídrica e a sustentabilidade ambiental, promovendo uma gestão multissetorial, robusta e integrada deste recurso que garanta benefícios a todas as regiões do continente.
O reforço da resiliência hídrica apresenta um desafio, mas é, simultaneamente, uma oportunidade para o nosso País. Em primeiro lugar, a Estratégia europeia salienta a necessidade de investimento neste setor, diversificando as fontes possíveis de financiamento, nomeadamente através do Banco Europeu de Investimento e da Política de Coesão, bem como refere que esta temática deve assumir um lugar de relevância no próximo Quadro Financeiro Plurianual.
Em segundo lugar, esta é uma porta que se abre para reforçar a capacitação das entidades gestoras e para alavancar a competitividade das empresas e indústrias portuguesas que operam no setor da água. Dado o seu conhecimento, capacidade de inovação e experiência estão na linha da frente para ajudar as suas congéneres europeias. Atualmente, o nosso país tem uma das taxas de perda de água mais baixas da Europa, em resultado do investimento feito na renovação das redes e na sua digitalização.
Em terceiro lugar, a Estratégia Europeia da Resiliência Hídrica pressupõe uma dimensão externa, reconhecendo o papel de liderança que a UE assume em termos de sustentabilidade ambiental, mas também de cooperação internacional. A liderança europeia, a nível mundial, nesta matéria, constitui uma oportunidade para construir alianças estratégicas com parceiros internacionais e abrir novas perspetivas. O investimento na gestão sustentável da água e na inovação reforçará as empresas europeias e aumentará a competitividade, dado que são setores em que lideramos. Paralelamente, esta é uma oportunidade de negócio significativa para a indústria da UE, partilhando experiências e o conhecimento que detemos nos setores da água e do saneamento.
Para Portugal, a inclusão da dimensão externa na Estratégia Europeia, é uma mais-valia, dado o importante histórico de cooperação nestes setores, predominantemente junto dos países africanos de língua portuguesa, mas, igualmente, em muitas outras geografias, desde a Ásia à América Latina.
O nosso país esta disponível, pronto e capacitado para trabalhar com a Comissão Europeia no sentido de capitalizar o seu conhecimento, experiência e mestria em prol de um mundo em que o acesso à água potável e ao saneamento é efetivamente um direito e não um privilégio.
(Conclusão do artigo da edição anterior)
Leia também: Gestão da água na UE: Uma questão de direito, mas também de segurança (I) | Por Hélder Sousa Silva
















