Nos últimos tempos, em prol de alguma paz de espírito, tenho andado deliberada e convictamente esquiva à informação.
Da televisiva e radiofónica, embora mais fiável em termos de veracidade, consegue-se escapar com maior facilidade. Já relativamente à informação e desinformação que nos chega online, é mais difícil a impermeabilização, sobretudo quando é online que se tem uma significativa fatia da vida laboral.
Enervada com o que me parece ser um exponencial crescimento das fake news (nada como as redes sociais para a propagação desta maleita), decidi começar a treinar e interiorizar o instinto da filtragem da informação. Perceber qual é a verdadeira e a falsa, a isenta e a tendenciosa.
O objectivo é criar uma imunidade forte relativamente tanto às fake news como à informação facciosa e tendenciosa que se dedica a controlar as massas através de estímulos subliminares capazes de dominar os motores emocionais de cada um.
Tendo em conta que toda a informação que abrimos se repercute nos algoritmos que determinarão o que mais nos irá aparecer para ler (penso que cada vez funcionará mais assim), é de crucial importância que não nos deixemos levar pela boçal tendência de dar atenção ao que cheiramos à légua ser falso. Isto devido ao perigo de nos vermos invadidos por tanta falsa notícia que perderemos o fio de prumo que ainda nos vai permitindo intuir as verdades e traz a curiosidade de investigar a veracidade sobre o que nos cheira a esturro.
Pensar é preciso, é urgente, importantíssimo, para não nos convertermos todos em fantoches comandados pelas muitas invisíveis mãos que nos tentam controlar.
Ler, investigar, procurar saber mais e por outros meios, pode salvar-nos da triste figura de papaguear baboseiras e de sermos agentes activos na proliferação deste mal.
Mais: estarmos atentos, habituarmo-nos a filtrar, e procurar fazer disso quase um instinto, salvar-nos-á, muitas vezes, tanto de más decisões como de padecer de exacerbados medos e outras emocionais maleitas que nos prejudicam de todas as maneiras possíveis.
Deixo o apelo: procurem exercitar a atenção e tentar filtrar aquilo que são realmente os factos, de tudo o resto que inventam, manipulam ou tentam dissimular.