A notícia de que faltam mais de 800 professores a duas semanas do início do ano letivo em Portugal é nada menos que chocante e profundamente alarmante. A realidade de 122 mil alunos que, se as aulas começassem hoje, não teriam um docente em pelo menos uma disciplina, representa um golpe severo no coração do sistema educativo português. Esta situação, que já se tornou um padrão triste e previsível, é inaceitável e exige uma resposta imediata e eficaz por parte das autoridades competentes.
O Algarve, uma das regiões mais afetadas por esta falta crónica de professores, enfrenta mais uma vez o espectro de um ano letivo marcado pela incerteza e pela precariedade. Com 112 horários por preencher, o futuro educativo de milhares de alunos algarvios está em risco, comprometendo o seu direito constitucional à educação de qualidade. Este é um problema que não é novo, mas que se agrava a cada ano, fruto da incompetência e da falta de planeamento do Ministério da Educação.
O tempo de desculpas já passou. É hora de agir. Se nada for feito, corremos o risco de perder mais do que apenas professores – perderemos uma geração inteira de estudantes que merecem, e têm direito, a uma educação de qualidade
É incompreensível que, enquanto em países como a Bélgica os professores saibam em abril onde serão colocados no ano letivo seguinte, em Portugal a colocação de docentes continua a ser um processo caótico e atrasado, que nem mesmo em setembro está concluído. Esta comparação é um retrato claro da desorganização e da falta de respeito pelo sistema educativo e pelos profissionais que nele trabalham. Como é possível que, no mês em que as aulas deveriam começar, ainda haja tantos professores sem saber onde irão lecionar?
A responsabilidade por este caos recai, sem dúvida, sobre o Ministério da Educação, que continua a falhar em garantir um início de ano letivo com todos os recursos humanos necessários. As medidas paliativas e temporárias que têm sido adotadas não resolvem os problemas estruturais que assolam a educação em Portugal. Pelo contrário, perpetuam um ciclo de instabilidade que afeta diretamente os alunos, os professores e as famílias.
O que está em causa não é apenas a falta de professores, mas sim a qualidade do ensino e o futuro de milhares de jovens que estão a ser privados de uma educação plena e contínua. A situação que vivemos atualmente é uma vergonha nacional e uma afronta aos valores que deveríamos defender como sociedade.
Exigimos que o Governo e o Ministério da Educação tomem medidas urgentes e eficazes para resolver este problema. É imperativo que se desenvolva um plano de longo prazo que assegure a colocação atempada de todos os professores e que se evite a repetição deste cenário lamentável nos próximos anos. Não podemos continuar a permitir que o futuro das nossas crianças e jovens seja posto em risco por incompetência e má gestão.
O tempo de desculpas já passou. É hora de agir. Se nada for feito, corremos o risco de perder mais do que apenas professores – perderemos uma geração inteira de estudantes que merecem, e têm direito, a uma educação de qualidade. É uma responsabilidade que o Estado não pode ignorar, e nós, como sociedade, não podemos aceitar.
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