As empresas de base tecnológica, geradoras de criação de valor a partir da introdução de produtos inovadores no mercado, são cada vez mais resultantes de um ecossistema empreendedor que facilita a transferência da tecnologia e de empreendedores qualificados com capacidade para fazer a comercialização bem-sucedida dessa tecnologia. Nesse contexto, a economia portuguesa tem beneficiado do acréscimo recente da interação de instituições, universidades e empresas. No mercado tecnológico destacam-se as empresas resultantes de spin-offs gerados numa organização-mãe. O que é um spin-off? Quais os tipos de spin-offs mais frequentes? Em que setores de atividade há mais spin-offs? Neste artigo vamos abordar estas questões.
Define-se spin-off como o processo de criação de uma empresa a partir de outras entidades existentes, que através do apoio destas, adquire independência e viabilidade própria. Na economia há sobretudo dois tipos de spin-offs: (1) os académicos ou universitários, gerados a partir de universidades; (2) os empresariais criados a partir de outras empresas existentes. A criação de um spin-off é um dos principais mecanismos de transferência de tecnologia da instituição originária para uma nova empresa.
Um spin-off universitário é uma empresa fundada por professor, funcionário ou estudante, tendo este deixado a universidade para iniciar a empresa ou tendo começado a empresa quando ainda estava ligado à universidade, desenvolvendo-se a nova empresa em torno de uma ideia tecnológica desenvolvida dentro da universidade (Smilor et al.,1990). Neste caso a universidade assume um papel fundamental na proteção da tecnologia, no seu licenciamento e no acesso a fontes de financiamento através da sua ampla rede de contactos, muitas vezes secundada por Organismos de Transferência de Tecnologia que funcionam no interface universidade-empresa e facilitam a criação do spin-off. A comercialização da tecnologia, angariação de financiamento e processo de internacionalização são da responsabilidade dos empreendedores.
Os spin-offs empresariais são outra forma de criar novas empresas para explorar comercialmente conhecimento, tecnologia ou resultados de investigação desenvolvida em empresa existente. Este tipo de spin-off pode ser amigável se incentivado pela empresa-mãe que em processo de reestruturação estimula os seus antigos colaboradores a constituir uma nova empresa, podendo mesmo adquirir uma posição na eventualidade desta se transformar num sucesso ou ter uma forma mais concorrencial sendo vista como uma oportunidade para os empregados que desejem pôr em prática ideias mal aceites pelos anteriores empregadores.
De acordo com estudos recentes, a maioria das empresas geradas através de spin-offs operam nos seguintes setores de atividade: tecnologias de informação e comunicação, software, digital media, energia, ambiente, biotecnologia, ciências da saúde, microeletrónica, robótica, agroalimentar, engenharia. Áreas de negócio onde Portugal tem massa crítica e pode fazer a diferença.