O filme infantil estreado nos cinemas portugueses, no passado dia 11 de julho, tem gerado bastante polémica. A afluência de adultos às salas de cinema (des)acompanhadas de crianças suscitou a curiosidade de muitos: além do lazer, este filme proporciona um olhar sobre a mente humana.
A narrativa debruça-se sobre a transição de Riley, de criança a adolescente, após o marco do grande fenómeno que é, o início da puberdade. Com esta animação americana, a Disney personifica as emoções da tristeza, alegria, medo e aversão, que controlam o “painel de comandos” da mente da personagem principal. Os primeiros problemas acontecem com a chegada à adolescência, em que surgem novas personagens: a ansiedade, a vergonha, o tédio e a inveja. Emerge assim a necessidade de integração, a urgência de pertença, a mudança no círculo de amizades e a mais ameaçadora adversidade: a repressão das quatro emoções primárias.
“A visualização do filme, independentemente da faixa etária, torna-se crucial a uma reflexão intrínseca diante a normalização das emoções sentidas”
Os estúdios Pixar dão enfase às céleres mudanças físico-psicológicas, através da sofisticação de emoções, que acontecem com o crescimento, e culminam na perda do Sentido de Identidade.
O cerne da mensagem central encontra-se na aceitação e comunhão de todas as emoções (que a realizadora metaforiza com um abraço comum). A Riley é a junção de todos os seus momentos passados, em que contribuem tanto as memórias positivas, como negativas. A construção do Eu passa pela aceitação das circunstâncias externas e incontroláveis e o cessar da (auto)lamentação.
A permissão para sentir tristeza, a assunção da responsabilidade pelo rumo da vida e a visão da felicidade como decisão são vertentes destacadas e transmitidas aos espetadores.
Na minha perspetiva pessoal, a visualização do filme, independentemente da faixa etária, torna-se crucial a uma reflexão intrínseca diante a normalização das emoções sentidas, reconhecendo como algo que não é exclusivo e individual mas coletivo e natural: o caminho para a libertação e realização.
Life doesn’t happen to you, it happens for you – Tony Robbins
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