O relatório do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, de 2019, publicado em 2020, é dedicado ao tema das desigualdades entre os géneros em todo o mundo. Não pretendo analisar aqui toda a informação disponível, pelo que selecionei apenas alguns itens. Trata-se de uma análise de índices e não de debate de propostas de soluções para os problemas detectados, contudo creio que posso afirmar que se os rendimentos entre classes sociais fossem mais equitativos, as situações não seriam tão extremadas.
Apesar de se dizer habitualmente que tudo é muito mau em Portugal, nem sempre é verdade, tendo em conta todos os outros países.
Cingindo-nos aos valores da tabela, podemos afirmar que a condição feminina em Portugal é menos má do que no conjunto dos países com IDH muito alto onde nos inserimos. Creio que a situação seria melhor não fora a herança política e sócio económica de cerca de um século.
Em todos os parâmetros a situação das mulheres é pior nos países com desenvolvimento médio e baixo, especialmente nos rendimentos anuais. Por um lado, é dada primazia ao trabalho dos homens, se não há trabalho para eles muito menos para as mulheres, e por outro, há países onde a mulher é considerada um objeto para estar em casa e cuidar dos filhos, devido a questões culturais e religiosas.
Em Portugal há um menor afastamento dos valores dos parâmetros entre feminino e masculino do que na generalidade dos países. A evolução positiva nas últimas décadas é notória embora ainda exista muito para fazer, é um trabalho político de longo prazo.
A média de anos de escolaridade das mulheres nos países de desenvolvimento baixo é muito reduzida, não chega a quatro anos, creio que se deve a problemas económicos, de acesso à escola, falta de perspectivas para o futuro, falta de escolas e o papel da mulher na sociedade. Se a falta de escolaridade é consequência destes factores, é também causa para manter a situação no futuro.
Desde os tempos primitivos em que o homem se impôs, pela força, face à mulher, que a situação de inferioridade social desta ainda não é de igualdade plena e manter-se-á assim nos próximos séculos nas áreas de educação, da economia e da política. A sociedade está estruturada à medida do homem e reproduz-se continuamente à sua medida.