Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de quatro quintos das despesas em Saúde têm a ver com quatro grandes grupos de doenças: as cardiovasculares, o cancro, a diabetes e as doenças das vias respiratórias. Debrucemo-nos sobre as primeiras. O termo doenças cardiovasculares abarca um conjunto de doenças que afetam o aparelho cardiovascular (coração, as artérias e os vasos sanguíneos). Constituem a principal causa de morte em Portugal e geram um impressionante número de incapacidades. Está cientificamente demonstrado que um elevado número destas doenças resulta de um estilo de vida inapropriado, onde há fatores de risco modificáveis (são aqueles nos quais é possível intervir). Graças à prevenção, contribui-se para impedir o aparecimento e o desenvolvimento deste tipo de doenças e das complicações delas decorrentes. Não é por acaso que na generalidade das associações de doentes crónicos se procede a um apelo para adotar seja em que circunstância for estilos de vida e de comportamentos saudáveis, onde podemos incluir um regime alimentar proporcional às necessidades de cada um, não fumar ou cessar de fumar, dotar-se de uma atividade física compatível, levar uma vida de relação e também controlar os parâmetros associados a este tipo de doenças (caso do peso, da pressão arterial, glicemia, colesterol e triglicerídeos).
Mas, afinal, a que se devem e como se diagnosticam estas doenças? O fator dominante é a aterosclerose (acumulação de gordura na parede dos vasos sanguíneos, acumulação que provoca um estreitamente das artérias, dificulta a passagem do sangue ou impede bruscamente o seu fluxo, podendo dar origem a lesões graves nas zonas que deixam de ser irrigadas). As consequências são verificadas a um nível de diversos órgãos e de vasos sanguíneos: cérebro – doenças cerebrovasculares, onde predominam o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o Acidente Isquémico Transitório; artérias do coração – angina de peito, enfarte do miocárdio, insuficiência cardíaca, morte súbita; carótidas – insuficiência vascular cerebral ou embolia cerebral; pernas – claudicação intermitente (dor causada por afluxo do sangue reduzido, durante o exercício) ou mesmo gangrena; artérias dos rins – insuficiência renal, hipertensão arterial; artérias do pénis – impotência sexual; artérias que irrigam o intestino – angina abdominal ou trombose mesentérica; aorta – aneurismas, dissecação, embolias.
E temos o seu diagnóstico. Consoante os sintomas, historial médico, história familiar de doenças cardíacas e fatores de risco, o médico irá pedir a realização dos exames que considerar necessários para o diagnóstico e poderá encaminhar o utente para um especialista, caso se justifique.
Recorde-se que existem alguns sintomas caraterísticos de algumas doenças e que podem dar sinais de alerta, quanto mais atentos estivermos melhor: dificuldade em respirar: pode ser um indício de uma doença coronária, especialmente se ocorre em repouso ou se prejudica o sono; angina de peito: sensação de dor, ardor, peso ou aperto a meio do peito; alterações do ritmo cardíaco; insuficiência cardíaca; surge quando o coração é incapaz de, em repouso, bombear sangue em quantidade suficiente através das artérias para os órgãos; enfarte de miocárdio: a obstrução das artérias que levam o sangue ao coração, fazendo com que este deixe de receber a quantidade de sangue adequada; AVC: é uma lesão do cérebro que ocorre devido à interrupção do fornecimento de sangue a este órgão.
Veremos em diante os fatores de risco e a sua prevenção, hoje um dos grandes desafios que se põem não só à educação na Saúde como na educação para a Cidadania em Saúde.