As bibliotecas itinerantes têm, atualmente, em Portugal, uma inquestionável vitalidade.
Quando o bibliomóvel sai à rua, desperta na memória de alguns visitantes e utilizadores a recordação saudosa das Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian.
As bibliotecas da Fundação tiveram origem em meados do século XX, por intervenção de Branquinho da Fonseca que, em conjunto com Azeredo Perdigão (Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian), institucionalizaram as mesmas, criando-se, em 1958, o histórico «Serviço de Bibliotecas Itinerantes» com a finalidade de «desenvolver o gosto pela leitura e elevar o nível cultural dos cidadãos, assentando a sua prática no princípio do livre acesso às estantes, empréstimo domiciliário e gratuitidade do serviço». (www.dglab.pt)
Este continua, de facto, a ser o espírito das atuais bibliotecas móveis, que, em Portugal, já totalizam as 72 unidades, das quais, 58 pertencem à Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. No que diz respeito ao Algarve, as Bibliotecas que possuem bibliomóvel são: Castro Marim, Loulé e S. Brás de Alportel.
Conscientes do importante papel que o serviço de biblioteca itinerante pode prestar, principalmente, nos lugares mais distantes das sedes de concelho e junto da população com menor grau de mobilidade, a ação dos municípios foi fundamental na recuperação desta prática nunca esquecida pelas populações, investindo em modernos e bem apetrechados veículos, sempre com apoio das respetivas bibliotecas municipais. E assim renasceram as bibliotecas itinerantes.
Atendendo à realidade atual do país, as bibliotecas móveis ganharam novas valências, não apenas no seu fundo documental, que deixa de ser só em formato de papel e passa a contemplar as novas tecnologias áudio e vídeo, mas assumindo, igualmente, um papel social de ponto de encontro e convívio em zonas mais distantes e isoladas dos concelhos a que pertencem. Levam-se histórias escritas, recolhem-se histórias de vida.
Para além dos livros e das leituras, as atuais bibliotecas itinerantes, prestam serviços de proximidade à população de forma a facilitar a vida aos seus utentes, permitindo-lhes acesso a novas tecnologias sem necessidade de se deslocarem kms, como por exemplo, apoio ao cidadão, pagamentos eletrónicos digitalizações e impressões, acesso à Internet e utilização de computadores, ações de sensibilização diversas, animação cultural, recolha de património oral, jogos e promoção de atividade física.
As bibliotecas itinerantes, além destes serviços prestados em prol das populações mais idosas e isoladas geograficamente, constituem, de igual forma, uma forte e bem sucedida aposta nas zonas balneares, permitindo o empréstimo gratuito do fundo documental a visitantes e utilizadores das praias, nacionais e estrangeiros, que aplaudem este livre acesso à cultura e à literacia. No que respeita ao público mais jovem, é notório o encanto sentido pelas carrinhas transformadas em pequenas bibliotecas.
Para os técnicos / as das bibliotecas municipais, esta experiência de proximidade torna-se uma missão, é praticar serviço público de excelência, gratuito e para TODOS.
Longa vida às bibliotecas itinerantes!
Tina Castro
(Bibliotecária na Biblioteca Municipal de Castro Marim)
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