Comprar, investir, vender e lucrar.
Até aqui nada de novo, nem de escandaloso ou ilegal, sequer.
Deixemos de parte, também, o facto de os titulares de certos cargos públicos irem “a jogo”, no que aos negócios diz respeito, numa situação de superioridade batoteira, porque saber certas coisas em exclusividade ou primeira mão, a par com a possibilidade de mudar as regras a meio do jogo, dá vantagens miraculosas…
Mas, como estava a dizer; deixemos isso!
O que importa, nas grandes mais valias do caso Robles, é a falta de coluna vertebral no carácter. Ausência aliás comum em muitos dos que povoam os cimeiros lugares de comando das res publicas.
O que choca, neste caso, é o paradoxo entre o que se diz e o que se faz; entre o que se quer parecer ser e o que se é de facto, como acontece com aquelas beatas de igreja que não perdem uma missa mas vivem a marinar em fel.
A busca do lucro através de expedientes legítimos não é vergonha nenhuma, claro que não! Mas comer no mesmo prato em que comem aqueles que se tem por hábito difamar e contra os quais se luta… parece-me de um mau gosto e de uma falta de carácter a toda a prova.
Porque no fundo é quase só disso que estes casos sempre tratam: de uma falta que nenhum exorbitante lucro pode jamais preencher!