A educação no Algarve enfrenta desafios profundos e urgentes que não podem ser ignorados. A taxa de abandono escolar na região algarvia tem sido a mais alta de Portugal continental. O país registou uma subida de 1,5 pontos percentuais em relação a 2022. Em 2023, 8% dos alunos saíram precocemente da escola, sobretudo na região do Algarve. Trata-se de um indicador alarmante que exige uma reflexão séria e a implementação de medidas eficazes. Esta situação é agravada por problemas estruturais, como o insucesso escolar e a falta de recursos adequados em muitas das nossas escolas, realçando a necessidade de um reforço significativo no investimento educativo.
Também os dados mais recentes apresentados no ranking das escolas de 2023 colocam em evidência as desigualdades existentes no sistema educativo algarvio. Com exceção de algumas escolas, como a Escola Secundária João de Deus em Faro, que ocupa uma posição relativamente melhor, a maioria das instituições da região está situada no fundo da tabela, refletindo uma performance preocupante [ler crónica do professor Luís Serra Coelho publicada no “Novo Semanário”]. Estas escolas lidam com taxas de reprovação elevadas e um contexto socioeconómico problemático, onde a carência de recursos e a instabilidade dos professores são uma constante.
Estas escolas lidam com taxas de reprovação elevadas e um contexto socioeconómico problemático, onde a carência de recursos e a instabilidade dos professores são uma constante
O aumento do abandono escolar na região algarvia revela uma situação crítica. Com uma taxa de abandono escolar entre os jovens de 18 a 24 anos a atingir os 8%, o Algarve tornou-se a região mais afetada do país. Este fenómeno é particularmente preocupante num momento em que a diversidade cultural e a presença de alunos estrangeiros nas escolas da região aumenta, criando desafios adicionais de integração e adaptação a um sistema educativo diferente.
No entanto, nem tudo é negativo. Há esforços em curso para reverter esta situação. O programa “Algarve 2030”, na área da educação e qualificação de jovens, visa precisamente reforçar o investimento na educação e promover o sucesso escolar. Este plano, liderado pela CCDR do Algarve e apoiado por fundos europeus, propõe uma série de medidas que incluem o combate ao insucesso escolar, a criação de infraestruturas modernas e o apoio financeiro a estudantes carenciados. A iniciativa demonstra um compromisso claro em criar um sistema educativo mais inclusivo, capaz de responder aos desafios específicos da região.
Apesar desses esforços e dos milhões de euros que estão a ser investidos, a realidade é que ainda há um longo caminho a percorrer. É fundamental que as medidas propostas não se limitem a uma visão de curto prazo, mas que sejam sustentáveis e adaptadas às necessidades reais das escolas e dos alunos algarvios. A implementação de estratégias inovadoras, como os projetos pós-escolares que já estão a ser testados em algumas escolas da região, deve ser ampliada e apoiada por toda a comunidade educativa.
O insucesso e o abandono escolar são problemas graves que precisam de uma resposta robusta e coordenada. O reforço do investimento através do programa “Algarve 2030” é um passo importante, mas deve ser acompanhado por um compromisso contínuo de todas as partes envolvidas – professores, pais, alunos, e autoridades educativas. Só assim poderemos garantir que a educação no Algarve deixa de ser uma preocupação e passa a ser um motivo de orgulho.
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