Há meses a fio que ouvimos falar numa vacina que investigadores denodadamente pesquisam para afastar o espetro da pandemia que a todos assola. Esperamo-la impacientemente, para que o mundo retome um relacionamento de pessoas, mercadorias, a base do desenvolvimento socioeconómico-cultural. Mas há igualmente as vacinas que contribuíram para a nossa esperança de vida e para termos reduzido ao ínfimo a mortalidade infantil. Vacinas que salvaram mais vidas do que qualquer outro medicamento ou intervenção médica, protegendo-nos contra doenças infeciosas que em tempos idos mataram milhões de pessoas.
As vacinas são compostas por antigénios (partículas estranhas ao nosso organismo) que podem ser vírus ou bactérias completos, mortos ou atenuados, ou pequenas partes desses microrganismos que, quando administrados, são capazes de simular a infeção, desencadeando uma resposta imunitária por parte do nosso organismo, sem, no entanto, provocarem a doença.
Pode ser necessário, de acordo com o tipo de vacina e as caraterísticas do próprio doente, administrar várias doses da mesma vacina para se atingir a proteção desejada: é o caso da vacina do tétano, que deve ser administrada de dez em dez anos. Vacinas são medicamentos, mas diferem dos medicamentos clássicos. Como? A sua ação é preventiva, enquanto a ação da maioria dos medicamentos é terapêutica. Os seus benefícios são individuais e coletivos, ao passo que nos medicamentos com ação terapêutica é apenas o doente a quem é administrado o fármaco que beneficia do seu efeito. E por aí adiante.
A vacinação é um direito básico de todos os cidadãos e enquadra-se na estratégia dos direitos sociais. Portugal dispõe do Programa Nacional de Vacinação, gratuito e acessível a todas as pessoas do nosso país. Determinadas doenças podem ser controladas ou mesmo erradicadas mediante a vacinação em larga escala. Algumas doenças mortais ou incapacitantes podem ser eliminadas, tal como aconteceu com a poliomielite na Europa e com a varíola a nível mundial. Há mitos que devem ser desfeitos, pois podem atentar contra a Saúde Pública quando se diz que as vacinas têm efeitos secundários graves e permanentes, basta uma correta higiene e boas condições sanitárias para eliminar as doenças, que já não se justifica vacinar os filhos, há mesmo o mito que as vacinas podem provocar autismo, isto quando comprovadamente as vacinas são globalmente seguras. As verdadeiras contraindicações para vacinar são a reação alérgica grave a uma dose anterior da vacina ou a algum dos seus constituintes (exemplo: caso da vacina da gripe em pessoas com alergia grave ao ovo), a imunodeficiência grave, apenas para as vacinas vivas (BCG, sarampo, rubéola, papeira, varicela, rotavírus), gravidez, apenas para as vacinas vivas.
Procure esclarecer junto do seu médico de família ou do seu farmacêutico. Como sabe, as farmácias estão autorizadas a administrar vacinas não incluídas no Programa Nacional de Vacinação, desde que possuam formação específica para tal, é o caso da vacinação contra a gripe, e podem mesmo ser vacinados neste espaço de saúde. O seu farmacêutico pode falar-lhe nas vacinas incluídas no Programa Nacional de Vacinação que não podem ser administradas nas farmácias e proceder ao encaminhamento necessário. Também neste caso use e abuse do aconselhamento farmacêutico.