Quem tosse, com mais ou menos regularidade, deve estar informado de que se trata de um sintoma, pode ser uma manifestação de algumas doenças do aparelho respiratório, mas também um reflexo de proteção para expulsar partículas estranhas ou muco do sistema respiratório. As afeções respiratórias de menor gravidade (caso das constipações) são a causa mais comum da tosse aguda (aquela que pode persistir até três semanas) mas há muitas outras doenças em que a tosse se pode manifestar, será o caso da insuficiência cardíaca ou o refluxo gastroesofágico, mas também da asma, das bronquites crónicas, da insuficiência pulmonar, da tosse do fumador, de certos cancros, da rinite alérgica, entre outros.
Há medicamentos cujos efeitos secundários podem desencadear tosse, é o que pode acontecer com certos hipertensores. Quem apresenta tosse persistente sem expetoração sem causa aparente deve falar com o seu médico. Nem todas as tosses são iguais. Há a chamada tosse seca, irritativa, pode ser um mecanismo de defesa, mas existem situações em que é necessário recorrer à medicação. Este tipo de tosse pode ser tratado com antitússicos, alguns dos quais requerem receita médica e podem interferir com a capacidade de atenção e condução. A tosse com expetoração não deve ser suprimida de forma repentina, pois a expetoração pode ficar retida nos brônquios e daí surgirem complicações graves. Por esta razão a tosse com expetoração não pode ser tratada com antitússicos mas com expetorantes ou mucolíticos (substâncias que tornam a expetoração menos espessa e mais fácil de ser eliminada).
Um exemplo representativo de que o tratamento da tosse requer aconselhamento profissional é o caso do doente diabético por causa do uso de medicamentos sem açúcar. Há ainda outras situações em que o aconselhamento farmacêutico é fundamental. É importante ter em conta que a tosse nas crianças pode estar associada a asma, a infeções respiratórias. De uma forma geral, as crianças com menos de dois anos devem ser encaminhadas para consulta médica.
Temos aqui situações bem elucidativas como se deve usar e abusar do aconselhamento farmacêutico. Indo à farmácia para solicitar um medicamento para a tosse, deve ter o cuidado de informar se a tosse é seca ou se possui expetoração, se está relacionada com alguma infeção das vias respiratórias, se fuma; deve saber que o farmacêutico avalia a tosse quanto à sua duração e à existência ou não de expetoração. O farmacêutico pondera se a tosse é aguda ou crónica.
No caso da tosse aguda, procura esclarecer se o doente tem sintomas de constipação ou de gripe, de rinite alérgica, se inalou partículas estranhas ou, no caso da tosse crónica, procura saber qual a sua causa, pois o doente pode ser asmático ou ter refluxo gastroesofágico, por exemplo; o doente deve comunicar abertamente com o seu farmacêutico se existem outras patologias que condicionem o tratamento da tosse ou que possam estar na sua origem, como é o caso da insuficiência cardíaca crónica. O seu farmacêutico informá-lo-á, também, das doses, da duração do tratamento, de possíveis reações adversas, o que fazer no caso de não melhorar e explicar-lhe-á as medidas complementares a tomar. Sim, use e abuse do aconselhamento farmacêutico.