Amiudadas vezes aqui se faz referência a que o sénior está sujeito a alterações orgânicas e funcionais que determinam cuidados especiais na toma de medicamentos. Há situações que obrigam a uma atenção particular, especialmente no uso de medicamentos e quando o sénior tem problemas sérios na função renal, no sistema nervoso central ou na pressão arterial. Estes cuidados baseiam-se no facto dos seniores terem uma ou mais doenças crónicas e naturalmente cada uma delas poderá requerer a toma de um ou mais medicamentos, está sempre presente a probabilidade de surgirem interações entre eles.
O sénior deve seguir escrupulosamente as indicações médicas e procurar esclarecer as suas dúvidas junto do seu médico ou do seu farmacêutico
Mas o assunto é verdadeiramente importante, questiona o leitor. É, como se comenta. Com o envelhecimento ocorrem alterações orgânicas e funcionais que são responsáveis por eventuais aumentos de sensibilidade e acumulação de substâncias incorporadas nos medicamentos, o que pode acarretar um acréscimo de efeitos adversos secundários ou do nível de toxicidade. Nada como dar exemplos.
No organismo do idoso a acidez gástrica é menor, o que pode modificar a absorção de alguns medicamentos; a diminuição dos movimentos intestinais pode também contribuir para uma absorção mais lenta; o sénior tem um baixo nível de proteínas no sangue, o que traz implicações na absorção dos medicamentos e que potenciam a sua toxicidade; à medida que a idade progride, os rins reduzem progressivamente a sua atividade – como os medicamentos são eliminados pelos rins, a diminuição da função renal faz com que o medicamento seja acumulado, com probabilidade de aumento do seu efeito ou de maior toxicidade.
Isto para enfatizar que o sénior deve seguir escrupulosamente as indicações médicas e procurar esclarecer as suas dúvidas junto do seu médico ou do seu farmacêutico, compete-lhes prestar informação sobre a natureza da prescrição, o horário das tomas, as eventuais reações adversas, isto só é possível quando o médico conhece perfeitamente o quadro das patologias do seu doente.
Estes cuidados são fundamentais. E porquê? No caso do sistema nervoso central, pode haver alterações no equilíbrio, maior sensibilidade aos medicamentos tomados para os nervos, e também confusão e esquecimento.
No caso de uma baixa súbita de pressão arterial, a recuperação dos idosos é sempre mais lenta, as consequências mais gravosas do que num indivíduo na força da vida (o que obriga a uma seleção criteriosa de certos medicamentos, como é o caso dos anti-hipertensores).
No caso dos indutores de sono, quando o sénior toma a mesma dose que a destinada a indivíduos mais jovens, a sonolência é mais marcada e persistente – é por isso que se desaconselha o uso prolongado destes medicamentos e recomenda-se a utilização de doses mais fracas. As queixas ósseas, frequentes neste grupo de doentes, levam à toma regular de anti-inflamatórios, medicamentos agressivos para o estômago e, por vezes, responsáveis por gastrites e hemorragias que não são visíveis – ora estas hemorragias são responsáveis por anemias crónicas.
Nos indivíduos do sexo masculino, quem sofre de hipertrofia da próstata deve ter uma atenção especial aos medicamentos que toma, dado que alguns estão contraindicados neste caso, porque agravam a hipertrofia e dificultam o urinar. São exemplos alguns calmantes, os destinados às cólicas e aos estados gripais.
Como se vê, temos aqui larga matéria para que o sénior, em nome do seu envelhecimento bem-sucedido procure estar sempre informado de que os medicamentos podem curar mas também podem agravar doenças, por nossa incúria ou por falta de diálogo com os profissionais de saúde.
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