A pobreza é tão vulgar que até parece normal. A internet mostra-nos imagens aterradoras da fome por este mundo fora.
Dizemos que em Portugal vivemos muito mal, mas o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – inclui Portugal no grupo de países com desenvolvimento muito elevado. Tentemos imaginar 70% da população de um pais a viver, em média, com menos de 1,6 € por dia, 48 € por mês, para este valor ser a média é porque uma grande percentagem ou não tem rendimento ou é muito inferior a 1 €. São países onde não há nada, falta tudo. Em contrapartida há países onde o rendimento mínimo diário é de cerca de 70 € por dia.
Na tabela acima estão dados de alguns países pobres de entre os mais pobres, são todos países africanos, esse continente empobrecido e esquecido pelos países ricos.
A pobreza cola-se à pele e nunca mais sai.
A pobreza é um conceito complexo, não é apenas a falta de dinheiro, mas também a falta de meios para o obter, é a falta de escolaridade, é a falta de politização, é a falta de uma casa, é a falta de roupa e sapatos, é a falta de luz, de comida e de água. Tudo isto conduz à falta de consciência enquanto sociedade. A média de vida nestes países situa-se entre os 55 e 67 anos, enquanto que nos 25 países mais desenvolvidos é superior a 80 anos. O conjunto destes países têm cerca de 251 milhões de habitantes e há mais umas dezenas de países, em África e nos outros continentes, em situação idêntica, alguns muito mais populosos. A onda de migração através do Mediterrâneo para a Europa, com as trágicas consequências que conhecemos, e da América do Sul para os Estados Unidos, é apenas uma das consequências da fome e miséria dos países pobres sobre explorados.
É confrangedor saber que vários destes países são produtores de petróleo, ouro, diamantes, ferro, zinco, cobre, madeiras e outras matérias primas necessárias para produzir bens de consumo supérfluo nos países ricos. Acresce que os rendimentos obtidos nos países pobres, que não transferidos para os bancos dos países ricos, são apropriados por uma pequena elite que domina a economia e o sistema político.
As dificuldades económicas dos países pobres geram-se no atraso industrial, comercial e académico, em confronto com a concorrência mundial. São os grandes grupos económicos mundiais que beneficiam com a exploração desenfreada desses povos. Os esquemas são vários, a estrutura concorrencial do comércio mundial, a sub e sobre faturação, a corrupção, o não pagamento de impostos devidos nesses países, as avultadas transferências bancárias para os paraísos fiscais, as ameaças políticas e económicas, as guerras locais intermináveis desenhadas pelos dominadores, os ordenados miseráveis bem como outros esquemas “menos importantes” como a absorção da pouca mão de obra qualificada e quadros técnicos e intelectuais.
Na tabela seguinte podemos ver algumas causas/consequências da pobreza nos dez países menos desenvolvidos, os valores apresentados são médias pelo que não mostram situações específicas em alguns países.
Para acabar com a fome no mundo bastaria haver honestidade política e 1% das despesas militares mundiais aplicadas na agricultura nos países pobres.
Acabem com as guerras e tratem do bem-estar das pessoas.
Se não existisse hipocrisia na política haveria muito menos pobreza no mundo!