As Bibliotecas Municipais do Algarve, à semelhança de outras bibliotecas que compõem a RNBP – Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, são, por vezes, confrontadas com a oferta de espólios bibliográficos e/ou documentais.
Os espólios doados são, geralmente, coleções pessoais de personalidades (escritores, políticos, artistas plásticos, etc.) naturais de um concelho, e que ao longo da sua vida foram formando a sua coleção particular, com livros, ou outro tipo de documentos, os quais tendem a espelhar não só o trabalho produzido pelos próprios, mas também os seus interesses pessoais dentro das áreas onde se destacaram como figuras de relevo. As doações dão-se, usualmente, de acordo com a vontade expressa pelo próprio benemérito, ainda em vida (e neste caso falamos exclusivamente de acervo), ou após o seu falecimento, pela sua família (e neste caso falamos de espólio, que continua, no entanto, a ser um acervo bibliográfico e/ou documental).
A doação surge de uma atitude altruísta para com as comunidades locais, por forma a colocar à disposição das populações recursos bibliográficos que podem beneficiar em termos de conhecimento e de aprendizagem.
Embora as bibliotecas possam ter um papel fundamental na avaliação e divulgação destes fundos documentais particulares, adquiridos através de doação, devem sempre questionar-se sobre as condições e os meios de que dispõem para poder rececionar, tratar, conservar e divulgar esses espólios. Eventualmente, terão de contar com o apoio, em complementaridade, dos serviços de Arquivo (no caso da documentação pessoal que venha agregada).
Na doação de espólios existe um acordo entre duas partes, geralmente, os herdeiros e o Município que recebe o espólio, sendo, por isso, feito um auto de doação e pode, inclusive, realizar-se uma cerimónia pública para formalizar o ato da doação.
Os espólios particulares são uma forma de enriquecer as coleções das bibliotecas, através do repositório de conhecimento acumulado por determinada figura que passa a ser disponibilizado à comunidade, contribuindo também para a preservação da memória cultural e/ou artística de determinada personalidade.
Bibliografia: FARIA, Maria Isabel e PERICÃO, Maria da Graça – Novo dicionário do livro: da escrita ao multimédia. – [Lisboa], Círculo de Leitores, 1999. – ISBN 972-42-1985-2
Rute Guerreiro
(Biblioteca Municipal de Silves – [email protected])