O que é a felicidade?
Há pessoas que dizem ser felizes, outras dizem que foram felizes num certo período da vida, algumas dizem que foram felizes em alguns momentos e há aquelas que dizem nunca ter sido felizes. É possível que todas essas pessoas tenham razão.
Eu creio que para existir felicidade tem que haver ausência de sofrimento, físico e social, conjugado com factores de prazer que nos conduzam a uma disposição mental que nos faça acreditar que somos felizes, esse é um objectivo individual ao longo da vida, o qual é atingido em alguns momentos, mas dissipa-se rapidamente porque surge sempre alguma coisa na vida quotidiana que contraria esse estado de satisfação, quer seja na saúde, na vida profissional, social, económica ou familiar. É difícil que aconteça simultaneamente uma situação de satisfação em todas estas áreas.
Penso que a felicidade é uma situação de equilíbrio em todas as vertentes da vida, a qual raramente se verifica, é um objectivo permanentemente perseguido, mas raramente atingido, é como pretendermos colocar um objecto no gume de uma navalha, nunca se consegue sustentar esse equilíbrio durante um longo período de tempo porque há sempre alguma coisa que contraria essa situação. Assim, penso que a felicidade plena e permanente só existe muito esporadicamente por breves momentos, a situação habitual é de desequilíbrio e por isso de não felicidade, o que não significa que seja de infelicidade.
Ao longo da vida acontecem momentos marcantes de felicidade. São momentos prazerosos que recordaremos sempre como situações de plenitude de satisfação que suplantam todas as desventuras colaterais. Por exemplo o fim de um ciclo de estudos, o fim de um curso, o casamento ou o nascimento de um filho. São momentos da vida, não é uma situação contínua e permanente sem factores de contrariedade ou incompletude, são poucas as pessoas que usufruem de períodos longos de felicidade, pode ser feliz em relação a um vector da vida, como o casamento, mas não em absoluto simultaneamente em todas as vertentes da vida.
A felicidade é uma aurora fugidia que aparece e desvanece nas curvas da vida.
Procuremos o bem-estar no dia-a-dia da nossa curta vida, se o conseguirmos atingir, então poderemos dizer que estamos ou somos felizes nesses parcos dias ocasionais.
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