Mais uma vez venho alertar para o valor da dívida directa de Estado que coloca o país à beira de um precipício económico, social e político.
A dívida é assustadora, a culpa é da mediocridade da classe política que não tem capacidade para gerir o país colocando-o de mão estendida permanentemente. Anda a pedir empréstimos para pagar outros empréstimos. É distribuído como rendimento aquilo que não se produz e quando é necessário dinheiro vai-se pedir. Quando é que se paga aquilo que se deve?
A actual situação faz-me lembrar a década de 90 do século dezanove, quando a monarquia endividou o país a ponto de a Inglaterra ter imposto o ultimato a Portugal.
Em 1892, 1897, 1901 e 1902 foram emitidos títulos de dívida pública para pagar ao fim de cem anos, os chamados títulos centenários, só que hoje não estamos em época de inflação galopante nem temos independência monetária pelo que não podemos adoptar as políticas monetárias correctoras da situação, sabendo de antemão que o valor real dos ordenados e das pensões cairiam para cerca de um terço do valor actual. Foi o que aconteceu de 1979 a 1982 com os governos de Mário Soares, embora a um nível inferior dado que os salários subiram nominalmente cerca de 7% ao ano e a inflação foi cerca de 30%. O Povo empobreceu ainda mais.
Temos uma dívida monstruosa e um défice comercial crónico, as grandes empresas nacionais, estruturantes da economia, foram vendidas ao estrangeiro, o Estado coloca os impostos dos portugueses em bancos e empresas falidas como a TAP, não se responsabiliza financeiramente a gestão fraudulenta, não se incentiva à poupança das famílias através da divida pública interna, afinal para onde caminhamos? Creio que se está a abrir a porta para entrar um “salvador” e tomar conta do país. Temos um bom exemplo com as últimas eleições presidenciais.
O gráfico mostra claramente a incompetência da classe política. São nomeadas pessoas para altos cargos apenas porque são da mesma cor partidária ou porque são familiares e amigos, a competência fica de fora dos critérios de seleção. A incompetência está disseminada por todos os níveis da administração pública, por isso as pessoas mais capazes não se querem sujar na política.
Mais uma vez afirmo que só se pode distribuir o que se produz, até agora o governo tem estado a distribuir os empréstimos obtidos. Não me venham dizer que a culpa foi do governo anterior, da pandemia, dos maus anos agrícolas, da China ou dos eclipses solares, a culpa é de quem tem governado o país ao longo das últimas décadas.
Repare-se que se a taxa de juro passar para 5% os encargos financeiros com os juros serão superiores a treze mil milhões de euros o que é superior ao orçamento de vários ministérios juntos.
Vão ser os netos dos nossos netos a pagar os erros que estamos a fazer.
Temos que repensar o país na área da política e da justiça.