Talvez sejamos todos um pouco infelizes e procuremos eternamente momentos de felicidade.
A maior infelicidade de todas reside na impotência daquilo que não conseguimos alterar ou evitar.
No futuro talvez seja necessário instalar um chip no cérebro humano, como se fôssemos um robô, e em que a primeira premissa desse chip seja não fazer mal a si próprio nem a outro ser humano.
Proteção, controlo, segurança.
Não fazer mal a si próprio nem a outro ser humano.
Talvez só assim encontremos a felicidade.
Todas as notícias dos jornais e dos telejornais.
Todas as ciências que estudam exaustivamente o ser humano e as razões para as suas ações.
Todas as políticas que visam um melhor funcionamento social e uma melhor organização das sociedades.
Se ao menos tivéssemos conseguido retirar a Valentina daquela casa.
Todos os cientistas que estudam exaustivamente a cura para certas doenças.
Quando os estudantes de direito se interrogam. Mas será que a justiça existe? Como vou conseguir fazê-la?
Quando os estudantes de psicologia se interrogam. Como vou conseguir compreender o ser humano?
Quando os estudantes de sociologia se interrogam. Como vou conseguir compreender as sociedades?
Quando os estudantes de filosofia se interrogam. Como deverei pensar o mundo?
Sim, talvez sejamos todos um pouco infelizes ao termos a consciência da complexidade do ser humano e o quanto é difícil domá-lo.
Sim, a arte serve de expiação de toda a realidade e serve para nos tornarmos mais humanos e mais felizes.
Sim, talvez aqueles que ousem compreender o mundo sejam ainda mais infelizes e procurem ainda mais a beleza escondida nos pequenos pormenores e nos pequenos detalhes que brotam através de uma cuidada leitura e de um atencioso olhar.
Sem dúvida o sorriso das crianças em primeiro lugar.
A construção de um mundo sem ódio.
Toda a luta necessária para o conseguir.
Compreender o outro.
Talvez consigamos crescer e nos tornar seres especiais, encontrando a nossa felicidade na felicidade dos outros.