A Hungria tornou-se o mais recente país europeu a admitir publicamente que poderá subir o limite de velocidade nas autoestradas. A decisão surge num momento em que vários governos debatem se as regras atuais ainda acompanham a forma como os condutores circulam diariamente. De acordo com o Razão Automóvel, site especializado em assuntos auto, a discussão ganhou força depois de a Chéquia avançar com um projeto-piloto que permite circular até 150 km/h em troços específicos, abrindo caminho à possibilidade de outros países seguirem o mesmo rumo.
A questão foi levantada pelo ministro da Construção e dos Transportes húngaro, János Lázár, que declarou que “os húngaros já circulam a 140–150 km/h”, muito acima do limite de 130 km/h atualmente em vigor. Segundo o responsável, a velocidade praticada na maior parte das autoestradas “ultrapassa regularmente os 130 km/h”, o que leva o Governo a ponderar se a lei deve ajustar-se à realidade.
Consulta pública vai decidir se limite sobe ou não
Segundo o Razão Automóvel, o Governo húngaro vai lançar uma consulta pública nacional centrada na revisão completa do código da estrada (KRESZ). Entre os temas que vão a debate estão aumentos de velocidade em troços específicos, que muitos especialistas consideram tecnicamente possíveis se forem acompanhados de medidas adicionais de segurança.
As alterações não se limitariam aos veículos ligeiros. De acordo com a publicação, o executivo está a analisar a possibilidade de autocarros passarem de 100 para 110 km/h e os pesados de mercadorias de 80 para 90 km/h. A ideia é ajustar regras que muitos consideram obsoletas, ao mesmo tempo que se reforça a segurança rodoviária.
Lázár defende velocidades mais baixas dentro das cidades e mais altas nas autoestradas, onde a fluidez de tráfego permite margens de segurança mais amplas. No entanto, insiste que não avançará sem o aval da opinião pública.
Alemanha como referência, mas não como exemplo direto
A revisão do KRESZ deverá integrar normas de segurança e ajustamentos na velocidade, procurando inspiração em modelos europeus, mas sem replicar totalmente as autobahn alemãs. Segundo a publicação, o ministro afirmou que a Hungria “não está preparada” para troços sem limite fixo, seja por questões culturais, seja pelas condições do parque automóvel.
A velocidade inadequada está presente em cerca de um terço dos acidentes graves, embora a principal causa ainda seja a falta de cedência de passagem. Para o Governo, é essencial garantir que qualquer aumento de velocidade não compromete a redução da sinistralidade.
Velocidade média está fora dos planos
Apesar de ser cada vez mais usada na Europa e já ter sido adotada por Portugal desde 2023, a Hungria descarta a possibilidade de aplicar sistemas de controlo de velocidade média. Segundo o Razão Automóvel, Lázár considera este método “demasiado severo”, preferindo reforçar outras formas de fiscalização.
E Portugal?
Em Portugal, o limite de velocidade das autoestradas mantém-se nos 120 km/h e não há indicação de que venha a aumentar. As atenções têm estado centradas no reforço da fiscalização, no aumento do número de radares e na expansão das zonas de velocidade média.
Decisão final só após consulta pública
O próximo passo será a auscultação dos cidadãos. Só depois se saberá se a Hungria se junta à Chéquia no movimento para limites mais altos ou se mantém os atuais 130 km/h.
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