Viajar de avião tornou-se mais acessível nos últimos anos, com preços cada vez mais baixos. Paralelamente, as redes sociais encheram-se de truques de viagem que prometem facilitar a experiência de voar. No entanto, muitos desses conselhos podem sair caro e até impedi-lo de embarcar. Especialistas alertam para as consequências de seguir estas tendências virais que, longe de garantirem sucesso, podem acabar por prejudicar a sua viagem de avião. Saiba mais neste artigo.
“Teoria do aeroporto”: um risco que pode custar-lhe o voo
A chamada “teoria do aeroporto” sugere que chegar ao aeroporto o mais tarde possível, idealmente 15 minutos antes da partida, pode evitar tempos de espera prolongados. Mas esta é uma prática desaconselhada pelos especialistas.
“Super idiota”, afirma Keith Van, gestor da comunidade Seats.aero, citado pela Euronews. “Se aparecer no voo com 15 minutos ou menos de sobra, isso é extremamente stressante para o agente da porta de embarque e o seu lugar pode ter sido cedido.”
Além disso, os agentes de porta de embarque têm o direito de recusar o embarque a passageiros que cheguem depois da hora limite. E se pensa que houve um erro no sistema, desengane-se. “É quase impossível atribuir duas pessoas ao mesmo lugar em sistemas de reserva ativos”, explica Van à mesma fonte.
Esta prática pode ainda pesar na carteira. “Mesmo se este truque funcionasse nove em cada dez vezes – o que não é verdade – a décima vez não valerá a pena o incómodo. Terá de reservar um novo voo, mas alguns destinos têm voos limitados e podem estar cheios”, alerta Addie, assistente de bordo de uma grande companhia aérea, à Euronews.
“Seat Squatting”: o caminho rápido para uma discussão a bordo
Outro truque que circula nas redes é o “seat squatting” – sentar-se num lugar mais confortável, como junto à janela ou com mais espaço para as pernas, esperando que ninguém o questione.
Contudo, esta prática pode gerar conflitos com outros passageiros e com a tripulação. “Atualmente, nos voos mais cheios, esse lugar já foi provavelmente reservado por outra pessoa”, sublinha Van. “Se houver uma discussão, o assistente de bordo verifica sempre os cartões de embarque para ver quem é suposto sentar-se onde.”
E quem não acatar as instruções da tripulação pode enfrentar consequências graves. “Se não o fizer, está a infringir as leis da aviação em muitas jurisdições e o comandante ou a tripulação podem expulsá-lo do voo”, acrescenta.
Addie é clara: “Se um passageiro se recusasse a mudar do lugar de outra pessoa para o seu próprio, eu não o deixaria voar.”
Além disso, sentar-se fora do lugar atribuído pode afetar o equilíbrio de peso do avião, colocando em risco a segurança de todos a bordo.
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“Check-in chicken”: um jogo de alto risco
O “check-in chicken” é outro truque viral que consiste em atrasar o check-in ao máximo, na esperança de conseguir um lugar premium não vendido. Mas este é um jogo perigoso, advertem os especialistas.
“Muitas transportadoras fazem a atribuição aleatória de lugares. As transportadoras de baixo custo, como a Ryanair, atribuem lugares intermédios aos passageiros para os incitar a comprar upgrades”, refere Van.
Além disso, algumas companhias utilizam a hora do check-in como critério para atribuir lugares e upgrades. Assim, ao atrasar o processo, pode estar a perder a oportunidade de conseguir um lugar melhor.
A reter
Embora algumas dicas de viagem de avião sejam úteis – como usar meias de compressão em voos longos ou manter-se hidratado –, muitos truques virais podem ser mais prejudiciais do que benéficos. Se parecerem bons demais para ser verdade, provavelmente é porque são mesmo.
“A coisa mais importante a reter é que a tripulação de cabina está lá para sua segurança. O serviço ao cliente não é a nossa principal função”, esclarece Addie. “Se lhe pedirem para fazer alguma coisa, há uma razão por detrás disso.”
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