O jornal britânico The Telegraph identificou um destino em Portugal como o mais “saturado” pelo turismo. A cidade em questão, outrora considerada uma joia escondida, tem agora um fluxo elevado de visitantes, o que, segundo a publicação, tem impactado a sua autenticidade.
Os jornalistas consultados destacam que o número de turistas cresceu exponencialmente nos últimos anos, tornando as ruelas históricas, restaurantes tradicionais e locais icónicos cada vez mais lotados. Segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal recebeu 31,6 milhões de turistas em 2024, dos quais 6,3 milhões ficaram nesta cidade.
O impacto do turismo na cidade do Porto
O jornal britânico aponta que a cidade do Porto, famosa pelas suas pontes, pelo vinho e pelos azulejos azuis e brancos que decoram igrejas e edifícios, tem perdido parte do seu caráter devido ao turismo em massa. O jornalista Oliver Balch exemplifica esta mudança com uma experiência pessoal: ao ver um grupo de turistas americanos entrar numa tasca tradicional, tirar fotografias para o Instagram e elogiar as bifanas sem as provar, percebeu que o destino já não era um segredo bem guardado.
Esta explosão turística traz benefícios económicos, mas também desafios. A subida dos preços dos alojamentos, a descaracterização do centro histórico e a pressão sobre os serviços locais são alguns dos efeitos negativos que os residentes da ‘invicta’ têm sentido nos últimos anos.
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Algarve: um refúgio ainda intocado em Portugal
Por outro lado, a mesma publicação britânica elogia a região sudoeste do Algarve, especialmente entre Lagos e Sagres. Esta área, integrada na Costa Vicentina, continua a ser um refúgio para quem procura tranquilidade e um contacto mais autêntico com a natureza.
O jornalista destaca que, ao contrário de Vilamoura ou Albufeira, locais dominados pelo turismo de massas e pela presença britânica, esta parte do Algarve ainda preserva uma atmosfera pacífica. “Se a palavra ‘Algarve’ lhe traz à mente campos de golfe, praias apinhadas e bares ingleses, então está no local errado”, escreve Oliver Balch.
A pouca presença de grandes resorts e cadeias hoteleiras junto às praias tem permitido manter a beleza natural da região. A paisagem é descrita como um santuário de falésias, dunas de areia e vegetação mediterrânica, onde se pode desfrutar do verdadeiro espírito da costa portuguesa.
O turismo está a descaracterizar as cidades?
O artigo do The Telegraph não se foca apenas em Portugal. Várias cidades históricas europeias foram analisadas, e este destino português aparece ao lado de locais como Veneza, Sevilha e Saint Tropez, que também sofrem com o excesso de turismo.
Veneza, por exemplo, é descrita como um caso extremo, onde o número de visitantes ultrapassa o dobro dos habitantes. O jornal culpa a combinação de voos baratos e a fama das redes sociais por este fenómeno. Em contraste, a região italiana da Úmbria é apontada como um destino ainda preservado, devido à sua menor acessibilidade.
Turismo e economia
A discussão sobre o impacto do turismo nas cidades históricas tem sido um tema recorrente. Enquanto alguns defendem que o turismo é essencial para a economia local, outros alertam para os riscos de descaracterização e gentrificação, onde os residentes são empurrados para fora das suas próprias cidades devido ao aumento do custo de vida.
Tal como muitas outras cidades europeias, este destino enfrenta este dilema. Como equilibrar o crescimento do turismo com a preservação da identidade local? Essa é a grande questão que se impõe para o futuro da cidade.
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