A família real britânica é conhecida pelo rigor com que preserva as suas tradições, mas também pela capacidade de adaptação aos novos tempos. O Natal, uma das épocas mais celebradas no calendário real, reflete essa dualidade. Embora a ementa da Consoada mantenha alguns pratos icónicos na família real, outros foram substituídos ao longo dos séculos.
Este ano, a programação sofreu uma ligeira alteração: o tradicional almoço pré-Natal, que sempre decorreu no Castelo de Windsor durante o reinado de Isabel II, terá lugar no Palácio de Buckingham. Já a celebração da véspera de Natal mantém-se na propriedade de Sandringham, onde a família se reúne para um cocktail de gala seguido do jantar da Consoada.
O que come a família real na Consoada?
Se há algo garantido na mesa natalícia dos Windsor, é que o bacalhau, tão emblemático na tradição portuguesa, está fora da ementa. Darren McGrady, antigo chef da Rainha Isabel II, revelou à BBC que o jantar de Natal durante o seu mandato era composto por pratos clássicos britânicos:
“Normalmente tínhamos peru com recheio de sálvia e cebola, couves de Bruxelas com bacon e castanhas, pastinacas e cenouras – variava de ano para ano –, puré de batata, batatas assadas, molho caseiro e pudim de Natal com molho de brandy.”
Com a ascensão de Carlos III ao trono, o peru continua a ser o centro da ementa natalícia. Tom Parker Bowles, enteado do monarca, confirmou ao The Telegraph que a tradição será mantida:
“Sei que há peru, couves e igreja. E tenho de levar um fato e um casaco para o jantar.”
Os restos que viram um banquete
Se, no dia 25 de dezembro, a mesa está cheia de pratos elaborados, o dia seguinte, conhecido como Boxing Day, é marcado pela simplicidade – mas com um toque de sofisticação. Carlos III tem um gosto especial por um prato feito com os restos do peru. Segundo Tom Parker Bowles, a receita envolve envolver a carne em pão ralado e temperar com molho Worcestershire, Tabasco e chutney de manga. A receita foi incluída no livro Cooking and the Crown, publicado este ano.
Mudanças ao longo dos séculos
A Consoada real nem sempre foi tão moderna e simplificada. Durante a Era Eduardiana, a extravagância dominava as mesas. Entre os pratos servidos destacava-se uma gelatina de cabeça de javali recheada com carne picada, língua, bochecha, bacon, trufas e pistácios.
No início do século XX, especialmente em 1908, era comum servir cisne assado, uma iguaria rara que refletia o luxo da época. Estes pratos desapareceram com o tempo, à medida que os gostos e as expectativas mudaram.
Preservar a tradição, mas com um toque moderno
Embora o espírito natalício da família real britânica esteja profundamente enraizado na tradição, as adaptações ao longo dos reinados mostram uma evolução que espelha a própria história do país. Sejam pratos mais modestos ou receitas criativas para aproveitar os restos, a Consoada continua a ser um momento de celebração, união e, claro, de respeito pelas tradições.
Leia também: Carros vão precisar de passaporte brevemente. Saiba do que se trata