Os polvos são animais marinhos que possuem características únicas no reino animal. Entre estas destacam-se o facto de terem três corações, sangue azul e um corpo desprovido de ossos. Estas adaptações permitem-lhes uma sobrevivência eficiente em ambientes marinhos variados, como o fundo do mar, onde geralmente se encontram, explica o National Geographic. Para além de criaturas impressionantes, são também um petisco muito procurado na terra algarvia de Santa Luzia, em Tavira.
Dois dos corações dos polvos bombeiam sangue para as guelras, onde este é oxigenado, enquanto o terceiro, conhecido como coração sistémico, distribui o sangue oxigenado pelo corpo. Quando o polvo nada, o coração sistémico deixa de funcionar temporariamente, o que torna a locomoção menos eficiente. Este fenómeno explica a preferência destes animais por rastejar no fundo do mar em vez de nadar.
O sangue dos polvos é azul devido à presença de hemocianina, uma proteína rica em cobre que transporta oxigénio. Esta proteína é particularmente eficiente em águas frias e pouco oxigenadas, como as que caracterizam o fundo marinho. Esta adaptação, no entanto, não é tão eficaz em águas mais quentes, o que pode condicionar a distribuição das populações de polvos.
No Algarve, a vila piscatória de Santa Luzia, em Tavira, é amplamente reconhecida como a capital do polvo. Esta localidade algarvia desenvolveu uma relação histórica com o polvo, integrando-o não apenas na economia local, mas também na cultura e gastronomia da região. A pesca do polvo é uma atividade tradicional em Santa Luzia, realizada através de métodos como a utilização de covos e armadilhas artesanais.
O polvo é o ingrediente principal de vários pratos tradicionais da vila, como o arroz de polvo, o polvo à lagareiro e a salada de polvo. Estes pratos fazem parte da identidade local e atraem visitantes que procuram degustar esta especialidade, fortalecendo o turismo gastronómico da região.
A relação desta vila algarvia com o polvo é um exemplo de como uma comunidade pode harmonizar tradição, sustentabilidade e identidade cultural da sua terra, criando valor a partir dos recursos do meio marinho. Este vínculo não só reforça a economia local como também promove a preservação de práticas pesqueiras que respeitam o ecossistema.
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