A Reserva Natural da Lagoa do Fogo, localizada no centro da ilha de São Miguel, Açores, abrange 506,82 hectares e corresponde à caldeira de colapso do Vulcão do Fogo, também conhecido como Maciço Vulcânico da Serra de Água de Pau. O Vulcão do Fogo é um vulcão central com formação traquítica, cuja origem remonta a cerca de 300 mil anos. A sua caldeira atual, com aproximadamente 15 mil anos, é a mais recente e de menor dimensão na ilha de São Miguel. Esta formação irregular tem um diâmetro médio de 2,8 quilómetros, sendo em parte ocupada pela emblemática Lagoa do Fogo.
No interior da caldeira, encontram-se cerca de 40 linhas de água, das quais 18 desaguam diretamente na lagoa. Este reservatório natural abastece nascentes nas suas encostas, desempenhando um papel essencial no fornecimento de água aos concelhos de Vila Franca do Campo, Lagoa, Ribeira Grande e Ponta Delgada.
Segundo o blog Parques Naturais Azores, o interior da caldeira é caracterizado por encostas íngremes cobertas por vegetação natural rica em flora endémica, como a uva-da-serra (Vaccinium cylindraceum), o azevinho (Ilex azorica), a urze (Erica azorica), o louro-da-terra (Laurus azorica) e o folhado (Viburnum treleasei), muitas destas espécies associadas à antiga Laurissilva. Apesar da distância ao mar, a área é um importante habitat para aves como a gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis atlantis) e o garajau-comum (Sterna hirundo), que aqui nidificam.
A Lagoa do Fogo pode ser apreciada a partir de diversos miradouros ou explorada através do trilho Praia – Lagoa do Fogo (PRC02SMI), que permite acesso às suas margens. Destaca-se a praia de pedra-pomes junto à lagoa, eleita a melhor praia selvagem de Portugal no concurso 7 Maravilhas – Praias de Portugal.
Reconhecendo a sua importância ecológica, a Lagoa do Fogo foi classificada como Sítio Ramsar, integrando a Zona Especial de Conservação (ZEC) Lagoa do Fogo, no âmbito da Rede Natura 2000. Esta área protegida tem como objetivo a preservação de habitats e espécies. Adicionalmente, é classificada como massa de água protegida, no contexto dos Instrumentos de Gestão Territorial.
A Lagoa do Fogo é, assim, um símbolo da riqueza natural dos Açores, conjugando beleza paisagística, valor ecológico e relevância para o bem-estar das comunidades locais.
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