A Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), agência das Nações Unidas dedicada à aviação civil, está a preparar uma mudança estrutural na forma como os passageiros interagem com os aeroportos e as companhias aéreas.
A iniciativa, noticiada pelo jornal britânico The Times, passa pela criação de uma “credencial de viagem digital” que integrará os dados do passaporte e do bilhete num formato eletrónico armazenado no telemóvel.
O que está a mudar nos aeroportos?
Com esta credencial digital, deixaria de ser necessário realizar o check-in tradicional ou apresentar cartões de embarque. O processo tornar-se-ia automatizado, com o reconhecimento facial a assumir um papel central.
O rosto do passageiro funcionaria como identificador único, permitindo o acesso a diferentes pontos do terminal sem necessidade de contacto humano ou exibição de documentos.
Como vai funcionar o passe digital
O funcionamento do sistema prevê que, após a reserva do voo, o passageiro receba um “passe de viagem” digital, que será automaticamente atualizado em caso de alterações no itinerário.
No aeroporto, à medida que o rosto do passageiro é identificado pelos sistemas biométricos, a companhia é notificada da sua presença, dispensando o processo convencional de check-in.
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Reconhecimento facial: o novo passaporte
A proposta, que surge numa altura em que a digitalização se acelera em vários sectores, é vista como a maior revolução no setor da aviação desde a introdução do bilhete eletrónico, no início dos anos 2000.
De acordo com declarações de Valérie Viale, diretora de gestão de produtos da Amadeus, citadas pelo The Guardian, esta inovação permitirá uma gestão mais eficiente dos fluxos nos aeroportos e uma resposta mais ágil a situações de perturbação, como atrasos ou cancelamentos.
Privacidade, segurança e desafios técnicos
Esta transformação, contudo, implica um investimento significativo em tecnologia. Os aeroportos terão de ser equipados com leitores biométricos e sistemas seguros capazes de aceder aos dados armazenados nos dispositivos móveis.
A questão da privacidade também assume um papel central. Segundo a Amadeus, os dados biométricos recolhidos serão automaticamente eliminados 15 segundos após cada interação com os sistemas.
O que falta para esta mudança acontecer?
O plano da ICAO deverá ser implementado de forma progressiva ao longo dos próximos três anos, estando ainda dependente da adesão dos Estados-membros e da legislação nacional e europeia em matéria de proteção de dados e direitos dos passageiros.
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