A crescente preocupação em torno de determinados compostos químicos utilizados no dia-a-dia tem vindo a intensificar o debate dentro da União Europeia (UE). A pressão para uma proibição total de certos elementos está a ganhar força nos bastidores das instituições europeias. Vários países europeus já estão mesmo a aderir a esta medida, que se fará sentir nos supermercados, maioritariamente.
Entre os compostos mais visados estão as substâncias perfluoroalquiladas e polifluoroalquiladas, vulgarmente conhecidas pela sigla PFAS. Estes químicos têm presença constante em vários produtos domésticos, sendo amplamente utilizados em artigos como embalagens, utensílios de cozinha e roupas impermeáveis.
O problema surge devido à sua durabilidade extrema. Os PFAS são apelidados de “químicos eternos” porque não se degradam facilmente, acumulando-se tanto no ambiente como no organismo humano ao longo do tempo.
Em resultado dessa persistência, a comunidade científica e várias organizações ambientais têm alertado para os riscos associados à sua exposição prolongada. Os efeitos podem manifestar-se de forma silenciosa, mas com impactos significativos na saúde pública.
Efeitos para os supermercados
A proibição das substâncias PFAS poderá ter um impacto significativo no funcionamento dos supermercados, especialmente no que diz respeito à embalagem de alimentos e produtos de limpeza. Estes compostos são amplamente utilizados pela sua resistência à água, gordura e calor, estando presentes em recipientes de comida pronta, sacos para pipocas, detergentes e outros artigos de uso diário.
Com as novas restrições, as cadeias de distribuição terão de encontrar alternativas seguras e eficazes, o que poderá aumentar os custos de produção e levar a mudanças visíveis nas embalagens e formulações de muitos produtos nas prateleiras dos supermercados.
França avança com proibição
De acordo com o canal France 24, a França já decidiu avançar com medidas concretas. A partir de 1 de janeiro de 2026, o país proibirá a importação, comercialização e fabrico de uma vasta gama de produtos que contenham PFAS nos seus componentes.
Esta decisão coloca Paris na linha da frente no combate a este tipo de poluentes. No entanto, não foi a primeira na Europa a dar este passo. Já em 2020, a Dinamarca impôs restrições ao uso destes compostos em embalagens de papel e cartão destinadas à indústria alimentar.
Aliança do norte da Europa
Outros países do norte da Europa também têm demonstrado preocupação semelhante. A mesma fonte indica que Noruega, Alemanha, Suécia e Países Baixos fazem parte do grupo que impulsionou esta iniciativa a nível europeu.
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Discussões em curso na UE
As discussões para uma proibição mais ampla continuam em curso nas instituições da UE. O objectivo é proteger tanto os ecossistemas como a saúde humana, perante os dados científicos que vão sendo tornados públicos.
Doenças associadas aos PFAS
A Agência Europeia do Ambiente (EEA) apresenta no seu portal oficial uma lista dos possíveis danos causados pelos PFAS. Entre os riscos mais mencionados encontram-se problemas de tiróide, dificuldades de fertilidade e até certos tipos de cancro.
Outras consequências incluem obesidade e lesões hepáticas, evidenciando a complexidade dos efeitos a longo prazo destas substâncias. A exposição pode ocorrer através da alimentação, da água potável ou do simples contacto com produtos do quotidiano.
Pressão para legislar
Com a crescente sensibilização do público, os governos europeus sentem-se cada vez mais pressionados a adoptar políticas mais rigorosas em relação ao uso de PFAS. A saúde dos cidadãos e a preservação ambiental estão no centro do debate.
Especialistas defendem que é possível substituir estes compostos por alternativas mais seguras e sustentáveis. No entanto, o processo exige tempo, investimento em investigação e uma transição cuidadosa por parte da indústria.
Um futuro sem químicos eternos?
A resistência de alguns sectores económicos pode atrasar a mudança, mas a tendência aponta para um controlo apertado e, eventualmente, a eliminação progressiva dos PFAS na Europa. A decisão da França poderá servir de exemplo para outros países.
A regulamentação final da UE ainda está em negociação, mas os sinais indicam que os “químicos eternos” estão com os dias contados. A ciência e a legislação estão, pouco a pouco, a alinhar-se em defesa de um futuro mais saudável.
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