As cenouras são um dos vegetais mais comuns à nossa mesa, presentes em sopas, saladas e inúmeros pratos do dia a dia. Todos crescemos a associá-las a uma cor específica, sem questionar a sua origem. No entanto, aquilo que hoje parece natural é, na verdade, o resultado de séculos de seleção humana e até de decisões políticas. A verdadeira aparência deste vegetal era bem diferente daquela que conhecemos hoje.
Uma história com milhares de anos
O cultivo da cenoura remonta a civilizações antigas, com registos que apontam para a sua utilização há mais de 5.000 anos. Originalmente, este vegetal, que era roxo, era consumido pelas suas propriedades medicinais e não tanto pelo seu sabor ou textura. As primeiras variedades não eram particularmente saborosas, mas eram valorizadas pela sua resistência e pelo seu impacto na saúde.
Durante séculos, as cenouras roxas mantiveram-se populares em várias partes do mundo, especialmente na Ásia e no Médio Oriente. No entanto, ao longo do tempo, diferentes populações começaram a cultivar variedades adaptadas aos seus gostos e necessidades, levando ao surgimento de novas cores e formas.
A interferência humana e o papel da política
De acordo com a ZAP, foi na Europa, já na época medieval, que começou a ocorrer uma mudança significativa. Os agricultores aperceberam-se de que podiam modificar a aparência das cenouras através de cruzamentos seletivos, tornando-as mais atrativas e saborosas. Mas a grande transformação ocorreu nos Países Baixos, no século XVII.
Diz-se que a alteração deste vegetal foi incentivada pelos holandeses como uma homenagem à Casa de Orange, a dinastia que liderou a independência do país. Esta nova versão rapidamente se popularizou, espalhando-se por toda a Europa e, mais tarde, pelo mundo.
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As vantagens das versões originais
Apesar da predominância da versão moderna, as variedades tradicionais não desapareceram por completo. Em algumas regiões, especialmente na Ásia e no Médio Oriente, continuam a ser cultivadas e consumidas, mantendo as suas características originais.
Estudos indicam que estas versões possuem benefícios nutricionais superiores. São ricas em antioxidantes e compostos naturais que ajudam na prevenção de doenças e na melhoria da saúde geral. Para além disso, oferecem um sabor distinto, mais intenso e menos adocicado, o que as torna adequadas para determinados pratos e preparações culinárias.
O regresso às origens
Nos últimos anos, a crescente preocupação com a diversidade alimentar e a qualidade nutricional tem levado ao regresso destas variedades esquecidas. Cada vez mais supermercados e mercados biológicos voltam a disponibilizá-las, e chefs de cozinha têm redescoberto o seu potencial na gastronomia.
A história das cenouras prova que aquilo que tomamos como garantido nem sempre foi assim. A versão que conhecemos hoje é apenas o resultado de escolhas feitas ao longo dos séculos. Redescobrir as variedades originais não é apenas uma questão de nostalgia, mas também de saúde e respeito pela diversidade natural que a agricultura moderna quase apagou.
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