A dificuldade em equilibrar uma pensão baixa com rendas em níveis históricos é o centro do testemunho de Maria Teresa, viúva de 80 anos, que descreve como consegue pagar 1.200 euros de renda em Espanha, apesar de receber apenas 840 euros por mês. De acordo com o jornal espanhol La Razón, a subida contínua dos preços do arrendamento deixou muitos pensionistas dependentes de soluções alternativas para garantir o acesso a uma habitação.
A publicação explica que os valores médios do arrendamento têm vindo a aumentar, situando-se em outubro nos 14,5 euros por metro quadrado, quase 11% acima do registado no mesmo período do ano anterior.
Pensionistas sem casa própria estão vulneráveis
Neste contexto, os pensionistas sem casa própria enfrentam especial vulnerabilidade, recorrendo muitas vezes a formas complementares de rendimento. É neste enquadramento que Maria Teresa relata o método que lhe permite enfrentar o mês: acolhe duas estudantes universitárias no seu apartamento para obter o montante que falta para pagar a renda.
Refere a mesma fonte que a pensionista admite que esta convivência diária pode ser difícil devido à diferença de idades, mas assume que, sem essa ajuda, não conseguiria assegurar o valor necessário. Numa entrevista ao canal de Youtube JIRE4, contou que aceitou expor o seu caso para alertar para a ausência de enquadramento legal que permita a pessoas da sua idade arrendar quartos com segurança. “Ganho 840 euros de pensão e pago 1.200 euros de renda”, lamenta.
Rotina mensal e impacto no orçamento
Maria Teresa detalha o cálculo que determina os seus rendimentos: soma a pensão de viuvez e a de reforma, totalizando 840 euros, valor que considera insuficiente para viver de forma estável. Explica na mesma entrevista que a pensão de viuvez não equivale à totalidade da pensão do marido, o que agrava a dificuldade de equilibrar despesas fixas e custos do dia a dia. Sem outras entradas financeiras, admite que não teria forma de cobrir o essencial.
Escreve o jornal que as limitações não se resumem ao pagamento da renda. A pensionista afirma que teve de adaptar a alimentação, eliminando alguns produtos por falta de orçamento. Destaca a subida do preço da comida. “Deixei de comer peixe”, refere. Mesmo assim, mantém uma única atividade regular: aulas de aquagym num ginásio, por 15 euros mensais, graças a um apoio que reduz o custo.
Memórias do passado e alertas para o futuro
Citada pelo jornal La Razón, Maria Teresa compara o presente com décadas anteriores, referindo que as dificuldades económicas atingiam sobretudo quem não tinha rendimentos familiares estáveis. Recorda ainda o efeito da sua baixa taxa de contribuição para a segurança social.
Começou a trabalhar aos 17 anos e, conforme explica, a prática comum na época levava muitos trabalhadores a privilegiar um salário ligeiramente superior, mesmo que isso implicasse não estarem inscritos legalmente. Por essa razão, acumulou apenas 11 anos de descontos registados.















