A vida na estrada continua a atrair muitos trabalhadores que procuram melhores salários ou uma mudança radical de vida, mas a realidade está longe de ser tão simples. Um camionista espanhol com mais de duas décadas de experiência revelou quanto se pode ganhar no transporte internacional e porque esses valores têm um preço difícil de ignorar.
De acordo com o site espanhol Noticias Trabajo, Marc tornou‑se conhecido nas redes como “Traginer de la Tona” por mostrar a realidade sem filtros e por partilhar o que aprendeu ao longo de 23 anos de profissão.
Marc, conhecido como o “Traginer de la Tona”, começou a conduzir camiões numa época em que as rotas se faziam com mapas em papel e sem GPS.
Hoje, mesmo com mais tecnologia, insiste que a essência não mudou. “Este trabalho ou gostas ou gostas. Se o fazes só pelo dinheiro, não o faças”, disse numa conversa no canal Rutas de Éxito, citada pelo Noticias Trabajo.
Quanto se ganha realmente no transporte internacional
Embora evite falar de valores, Marc acabou por admitir que “no transporte internacional ganha-se entre 3.000 e 4.000 euros”, sublinhando que isso não significa dinheiro fácil. Falou em intervalos como 3.200, 3.500 ou 3.700 euros e em casos pontuais que chegam aos quatro mil.
Repetiu várias vezes que “ninguém te oferece nada” e que, para atingir estes valores, é preciso aceitar semanas fora de casa, horários irregulares e jornadas longas dentro do que o tacógrafo permite.
Marc sublinha que o rendimento acompanha o sacrifício. O internacional implica sair ao sábado ou domingo, esperar horas nos cais de carga, lidar com atrasos sem explicação e manter a cabeça fria perante situações que não dependem do motorista.
“O que ganho em chatear-me?”, questiona. Para ele, a dureza não está em conduzir, mas em gerir a frustração de um dia a dia imprevisível.
Um trabalho que não te “faz milionário”
O camionista é claro com quem entra no setor por necessidade financeira. Recomenda, como explica o Noticias Trabajo, fazê‑lo com um plano fechado: trabalhar três meses, seis meses, um ano ou dois, “apertar”, poupar para uma entrada de casa ou outro objetivo concreto, e sair assim que possível, se for esse o propósito.
O camionista diz que já viu “de tudo”: quem promete “aguento cinco anos e faço caixa” e desiste muito antes por não suportar a pressão, as esperas e a ausência de rotinas estáveis.
E em Portugal, quanto se ganha e o que muda?
Em Portugal, o internacional também oferece totais mensais superiores à média, sobretudo via ajudas de custo quando há muitas pernoitas fora, e há ofertas a anunciar patamares a partir de aproximadamente 2.800 €/mês (varia por empresa e rotas).
Importa notar que as ajudas de custo têm regime específico no CCTV do setor (cláusula 58.ª, mínimos por noite/país, exemplos de cálculo) e não contam como “retribuição”, o que explica diferenças entre bruto/líquido. A escassez de motoristas permanece um problema estrutural na Europa, afetando também Portugal.
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