A diferença entre o que um trabalhador independente fatura e aquilo que realmente recebe ao fim do ano voltou a ser discutida em Espanha depois de uma jovem que trabalha por conta própria ter divulgado o seu próprio balanço financeiro. Apesar de ter emitido faturas no valor de 17.946 euros ao longo de um ano, Celia concluiu que 4.556 euros desapareceram entre impostos, contribuições e serviços obrigatórios, o que a levou a expor publicamente o seu percurso num vídeo partilhado no TikTok.
Celia explicou que com o vídeo pretendia esclarecer os jovens que ponderam iniciar atividade independente. Na publicação divulgada também pelo jornal El Español, a jovem começou por revelar que o ponto-chave não era o total faturado, mas o que restava depois de descontar os encargos.
No relato, a criadora de conteúdo destacou primeiro os gastos associados à assessoria fiscal. Estes serviços ultrapassaram os 700 euros, valor que incluía a abertura do processo e uma mensalidade fixa. Acrescenta a publicação que muitos trabalhadores por conta própria recorrem a este apoio devido às exigências do sistema fiscal e às mudanças frequentes na legislação.
Contribuições mais reduzidas, mas ainda pesadas
A jovem detalhou também o impacto da contribuição para o regime de trabalhadores independentes. Com a tarifa reduzida aplicada no primeiro ano, o custo anual aproximou-se dos 1.086 euros. Celia não sabe se continuará a beneficiar desse desconto, antecipando que uma subida duplicaria o encargo mensal. De salientar que as contribuições dos trabalhadores independentes são feitas consoante os seus rendimentos.
O valor que mais pesou nas suas contas foi, porém, o IVA trimestral. É que a criadora de conteúdos descreveu estes pagamentos como saídas regulares que variavam entre 400 e 500 euros por trimestre, totalizando 2.769 euros ao longo do ano, um valor que afetou diretamente o seu rendimento disponível.
Menos do que o salário mínimo
Juntando todos os custos obrigatórios, o benefício líquido de Celia ficou nos 13.338 euros, um montante inferior ao salário mínimo anual espanhol, estabelecido em 16.576 euros anuais. No mesmo vídeo, a jovem frisou que valores deste nível tornam difícil cobrir despesas essenciais, como habitação, alimentação ou transportes.
Acrescenta o El Español que o custo de vida médio em Espanha, estimado em 13.626 euros por pessoa segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística, evidencia que trabalhadores com rendimentos semelhantes têm pouco espaço para imprevistos ou poupança.
Um retrato de muitos trabalhadores por conta própria em Espanha
A criadora de conteúdos sublinhou ainda que muitos trabalhadores independentes começam precisamente a carreira com valores próximos dos seus e sem fontes alternativas de rendimento. No balanço final, a jovem resumiu o ano explicando que, dos 17.946 euros faturados, cerca de 4.556 euros foram absorvidos por impostos e outras deduções.
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