O Algarve deve caminhar segundo os padrões do Turismo Sustentável, compatibilizando a qualidade com a quantidade e a economia com a preservação dos valores ambientais e o património cultural e histórico.
O Turismo Sustentável pressupõe a viabilidade económica das suas empresas, dos seus intervenientes e, também, de investimentos financeiramente equilibrados e rentáveis face às previsões da procura.
Pressupõe, também, que se traduza não apenas no enriquecimento dos seus agentes, investidores ou prestadores de serviços das organizações turísticas, devendo também repercutir-se na prosperidade da comunidade local envolvente e no seu bem-estar. Por outro lado, não há Turismo Sustentável sem uma boa formação profissional, ou sem condições de segurança.
A promoção turística é uma questão de soberania e, portanto, da responsabilidade do Estado
Para ter um produto turístico equilibrado, há que saber medir os limites da carga urbano-turística, calcular a “capacidade de acolhimento” das sub-regiões e municípios do Algarve, e a partir daqui gerir os fluxos turísticos, dispersando os visitantes no tempo e na geografia e optimizando os recursos e as infra-estruturas.
Nunca como antes a situação exigiu a necessidade imperiosa do estabelecimento de parcerias e entendimentos alargados entre todos os parceiros do sector (hoteleiros, transportadores, operadores turísticos, agências de viagens, etc.), tendo em vista maximizar e rentabilizar as verbas alocadas à promoção turística do País e, sobretudo, ao Algarve.
Os nossos responsáveis terão de ser capazes de mobilizar os agentes do sector em torno de medidas consensuais, quer de ordem promocional, quer legislativas e fiscais, melhor forma de restabelecer a confiança empresarial do sector turístico, fortemente abalado pela sucessão de crises e deixado desamparado ao sabor das conjunturas económicas, políticas e financeiras europeias e mundiais.
O sucesso de qualquer produto turístico começa na qualidade da promoção e no funcionamento do alojamento, um processo nem sempre pacífico, reconheça-se, atendendo aos bloqueios e constrangimentos de vária ordem impostos pela rigidez do sector público, sempre demasiado conservador e, por conseguinte, algo estático e pouco flexível face aos novos comportamentos dos mercados emissores.
É por estes motivos que defendemos uma reforma profunda do projecto da chamada “Contratualização”, uma medida esgotada e sem futuro, tendo em vista, designadamente, a alteração conceptual que esteve na sua origem, visando uma maior mobilização e adesão dos agentes turísticos.
A Promoção do Turismo do Algarve não pode ser dissociada do Produto, da Comercialização, do Transporte e da Distribuição, assim como dos resultados económicos empresariais, devendo ser enquadrada numa perspectiva de segmentação, eleição dos mercados alvo e, sobretudo, através de um correcto posicionamento junto dos parceiros de negócio e dos consumidores. Ou seja, uma articulação e interligação correctas entre a Oferta e a Procura.
A competitividade e a sustentabilidade do Turismo do Algarve implicam também a criação de um novo paradigma na definição do esforço promocional, quer no que se refere à selecção dos instrumentos técnicos e financeiros disponíveis, quer no respeitante à sua operacionalização e avaliação.
Por tudo isto, e levando em linha de conta a situação desfavorável das economias em geral e do turismo em particular, importa passar para um outro patamar, de forma a evitar que a promoção continue a ser considerada eternamente como “o calcanhar de Aquiles do nosso turismo”.
É verdade que a promoção, enquanto princípio geral, é sempre insuficiente. Porém, e mais importante que alocar verbas avultadas para a promoção turística, importa sobretudo que os investimentos realizados obedeçam a critérios técnicos rigorosos, melhor forma de servir o interesse geral e garantir o indispensável retorno.
Uma coisa é certa: a promoção turística do Algarve, e já agora do País, passa por uma profunda transformação das visões e metodologias tradicionais que vêm sendo seguidas, rotinas inadequadas e hábitos adquiridos ao longo de anos, totalmente desajustadas das realidades impostas pelas contingências dos mercados turísticos do presente.
A promoção turística é uma questão de soberania e, portanto, em primeira análise, da responsabilidade do Estado, até porque este é o principal beneficiário das contrapartidas geradas, designadamente ao nível do volume de bens transaccionáveis arrecadados.
*O autor escreve de acordo com a antiga ortografia
Senhor Ministro, não esqueça a requalificação da EN125 | Por Elidérico Viegas