O Algarve é a maior e mais importante região turística portuguesa. Para além do impacto económico e social na região, o contributo do Algarve para a economia do país, designadamente no que se refere à sua capacidade para gerar bens transaccionáveis é, certamente, um dos factores mais relevantes da economia portuguesa na actualidade.
A indústria turística contemporânea vem marcando, de facto, desde meados da década de sessenta do século passado, toda a economia e vida regionais, assumindo-se, claramente, como o maior sucesso em toda a nossa história económica e social.
A consolidação do Algarve como um destino seguro passa ainda por criar condições que dignifiquem os profissionais das forças e serviços de segurança, incluindo a modernização dos meios materiais
Entre os vários factores que mais têm contribuído para este sucesso encontra-se o clima ameno, a beleza das nossas praias, outras belezas naturais, a gastronomia, a hospitalidade do povo algarvio e, obviamente, a segurança de pessoas e bens, nomeadamente dos muitos milhões de turistas que nos visitam anualmente.
As questões relacionadas com a segurança assumiram-se, definitivamente, como o primeiro factor de decisão na escolha do destino de férias à escala mundial, sendo, por isso mesmo, um dos pilares fundamentais para a competitividade dos destinos turísticos.
Os bons resultados turísticos dos últimos anos não podem, pois, ser dissociados desta valência competitiva, sobretudo se tivermos em atenção que, a generalidade dos nossos concorrentes mais directos, se vêm confrontando com situações graves de instabilidade que, na falta de soluções previsíveis no curto prazo, se tornaram em verdadeiros problemas estruturais e, por conseguinte, de resolução muito demorada.
A segurança não se promove, garante-se, cabendo ao Estado criar as condições necessárias para responder aos desafios resultantes da complexidade de novas formas de criminalidade e à sua multidisciplinariedade, o que obriga a uma maior aposta em estratégias de investigação e prevenção, quer entre as diferentes forças policiais e serviços de segurança, quer através de parcerias activas com os agentes económicos do turismo, tanto mais que a criminalidade tem vindo a subir de ano para ano na região.
A sociedade actual confronta-se com fenómenos criminais complexos, o que exige a construção de novos modelos de segurança, designadamente no que se refere ao envolvimento e colaboração da sociedade civil. Todos beneficiamos da segurança cidadã, grande pilar do estado de direito, e todos estamos obrigados a colaborar na sua construção no dia a dia, enquanto bem colectivo de inegável valor social e económico.
O sucesso do desenvolvimento turístico do Algarve no futuro obriga-nos, em nome do interesse público regional e nacional, a garantir segurança nas suas várias vertentes, seja ela de pessoas e bens, segurança alimentar e económica, defesa do consumidor, sã concorrência e direitos humanos, tanto às populações residentes, nacionais ou estrangeiras, assim como a todos os que nos vistam regularmente.
A consolidação do Algarve como um destino seguro passa ainda por criar condições que dignifiquem os profissionais das forças e serviços de segurança, incluindo a modernização dos meios materiais e outros equipamentos, quer no que se refere a viaturas, quer em matéria de estruturas de suporte, como instalações condignas e que ofereçam boas condições de estada e de trabalho, por exemplo.
Os sucessivos governos, apesar de mostrarem alguma preocupação sobre estas matérias, têm-se resumido, nos últimos anos, a reforçar os efectivos policiais nos meses de Julho, Agosto e Setembro, descurando outros aspectos, como os aumentos da oferta e da procura, especialmente nos meses laterais da época turística, já que é, precisamente, nestas alturas que se verificam os maiores índices de crescimento da criminalidade.
Em boa verdade, há que reconhecer que o aumento do número de turistas não tem sido acompanhado pelo necessário e indispensável reforço policial das diversas forças e serviços de segurança em presença, como seria necessário e desejável.
Por tudo o que fica exposto, a segurança é um activo decisivo para melhorar os níveis de confiança do nosso país no exterior e, por conseguinte, um factor crítico de sucesso para o seu desenvolvimento económico e social, designadamente do nosso maior sector exportador – o turismo – e, por todas as razões, o turismo do Algarve.
*O autor escreve de acordo com a antiga ortografia
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