A seca tornou-se um problema estrutural do Algarve. A questão não é de hoje, já em 1875 se escrevia aos deputados eleitos para as Cortes chamando a atenção para a necessidade de medidas que nos permitissem guardar água. Apesar dos recentes investimentos na construção de barragens, as últimas das quais Odelouca e Odeleite, os ciclos cada vez maiores e mais frequentes de fraca precipitação tornaram a questão da água uma prioridade para o futuro da região.
Razão porque o Algarve é a única região do país que tem no Plano de Recuperação e Resiliência uma gaveta com o seu nome e no interior, resultado de uma difícil mas bem sucedida negociação com Bruxelas levada a cabo pelo Primeiro-ministro, António Costa, 200 milhões de euros para um conjunto de obras do lado da poupança e da diversificação das fontes de origem.
A regra numero um é poupar. Criar sistemas mais eficientes, reduzir as perdas, reutilizar a água, aproveitando as águas tratadas pelas ETAR’s e diminuir a dependência do S. Pedro, encontrando outras fontes de origem para além da chuva.
O Plano de Eficiência Hídrica para o Algarve, consensualizado no último ano entre o Governo, os municípios, organismos desconcentrados do Estado, associações ambientais e de diversos sectores económicos, desde logo a agricultura, o turismo e o golfe define um conjunto de investimentos para garantir água ao Algarve e o Plano de Recuperação e Resiliência assegura as verbas para a sua concretização. Sabemos, por isso, o que temos e queremos fazer e, tão ou mais importante, temos os meios financeiros para os concretizar.
75 milhões de euros para aumentar a capacidade disponivel e resiliência das albufeiras existentes, designadamente através de uma captação no Pomarão / Rio Guadiana para a Barragem de Odeleite, estimando-se uma nova oferta de 30 milhões de m3 de água por ano e melhorar a ligação entre os sistemas em alta do Sotavento e do Barlavento diminuindo as perdas;
45 milhões de euros para a instalação da primeira central de dessalinização, no Algarve e no continente português, preparada numa primeira fase para produzir 8 milhões de m3 de água potável;
23 milhões de euros para a reutilização de água residual tratada com o objetivo de utilizar 8 milhões de m3 de água com origem em quatro sistemas de estações de tratamento;
35 milhões de euros para reduzir perdas no sector urbano, através da renovação e reabilitação de infraestruturas de abastecimento publico degradadas ou deficientes por onde todos os dias à agua que não chega às nossas casas perdendo-se pelo caminho. A Associação de Municípios do Algarve já lançou o primeiro aviso e as primeiras obras no valor de dois milhões de euros já estão aprovadas;
17 milhões de euros para reduzir perdas de água e aumentar a eficiência no sector agrícola, recorrendo à adopção de sistemas de distribuição mais eficientes em áreas, individuais ou coletivas, já regradas;
5 milhões de euros para reforçar a governança dos recursos hídricos apostando na monitorização, licenciamento, fiscalização, sensibilização e implementação de caudais ecológicos nas barragens da Bravura e do Funcho-Arade.
Temos as obras identificadas. Temos as verbas para as concretizar. Agora, mãos à obra porque garantir água para o Algarve é garantir o nosso futuro.
POSTAL reforça opinião com 3 novos colunistas
O POSTAL conta a partir da presente edição papel com a colaboração de três colunistas de “peso”.
Na análise e nas pespetivas turísticas passa a escrever regularmente o empresário hoteleiro Elidérico Viegas.
Na “Tribuna Parlamentar”, a outra nova rubrica do POSTAL, passam igualmente a assinar regularmente os deputados eleitos pelo Algarve Luís Gomes (PSD) e Luís Graça (PS).
Nesta edição, Luís Graça aborda os investimentos previstos pelo Governo para garantir a água ao Algarve e Luís Gomes a descentralização de competências para os municípios.