Carne, peixe, fruta e vegetais. Não há nenhum português que abdique ter na sua despensa ou frigorifico estes bens alimentares, tidos como essenciais para a saúde de cada um. Mas a realidade é que a população tem cada vez mais dificuldades em adquirir estes bens e colocá-los diariamente à mesa.
A alimentação é apenas uma das preocupações de cada um, a que se junta a habitação, preço dos combustíveis, entre outros. Culpa da instabilidade mundial em algumas regiões do mundo que afetam a economia global, da inflação e do aumento dos preços.
O apertar do cinto sente-se de norte a sul do país. E 3 em cada 4 famílias algarvias diz ter sentido dificuldades financeiras no decorrer do ano passado. Segundo um estudo divulgado pela Deco Proteste, a região sul do país (74%) fecha mesmo o pódio das dificuldades, apenas atrás de outras duas regiões: Alentejo (78%) e Região Autónoma dos Açores (77%).
No outro lado do ‘ranking’, é na zona de Lisboa que os habitantes menos dificuldades sentem em suportar os encargos.
Quanto à média nacional, 66% das famílias dizem ter sentido algumas dificuldades, enquanto 8% responderam estar numa situação crítica. Por outro lado, apenas 26% (1 em cada 4) dizem ter tido um ano desafogado. Estas são algumas das conclusões tiradas de um inquérito feito a quase 5 mil portugueses. E traçado um perfil às famílias visadas, percebe-se que aquelas que mais ‘sofrem’ com o atual panorama da economia nacional e até internacional são as famílias monoparentais e aquelas com pelo menos cinco elementos.
Faro a meio da tabela da capacidade financeira
Apesar de 3 em cada 4 famílias algarvias admitirem dificuldades financeiras em fazer face às despesas diárias, o distrito de Faro está longe da cauda dos distritos com menor capacidade monetária, numa lista que é liderada por Coimbra.
Segue-se a Região Autónoma da Madeira, Beja e Lisboa. Faro surge a meio da tabela, no 7.º posto, longe dos últimos lugares ocupados por Aveiro, Vila Real e a ‘lanterna vermelha’ Região Autónoma dos Açores, considerada uma das zonas mais pobres a nível europeu.
Índice mais baixo desde 2018
Segundo o estudo liderado pela Deco Proteste, 2022 é o ano em que se verificou o índice mais baixo da capacidade financeira dos portugueses. Este índice avalia a capacidade dos agregados familiares em fazer face às despesas da alimentação, educação, habitação, lazer, mobilidade e saúde.
Mas é a alimentação que assume o maior protagonismo, pois 44% dos agregados (quase metade dos inquiridos) dizem ter dificuldades na compra de comida. O mesmo valor da habitação e mais 1% que o setor da mobilidade.
- Por João Tavares
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