O Algarve tem sido palco de uma atividade sísmica crescente, com vários sismos registados nos últimos dias, incluindo dois abalos na madrugada desta quarta-feira perto de Silves, de 2,8 e 2,9 na escala de Richter, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Apesar de não terem sido sentidos pela população, os eventos reacendem a preocupação com o risco sísmico na região.
Silves volta a ser epicentro de atividade sísmica
Os dois sismos registados na madrugada desta quarta-feira ocorreram a cerca de 20 quilómetros a nordeste de Silves, tendo sido detetados pela Rede Sísmica do Continente às 03:11 e 03:12, respetivamente.
Na segunda-feira, um sismo de 4,7 com epicentro próximo do Seixal foi sentido em vários concelhos do Algarve, incluindo Albufeira e Portimão, embora sem causar danos. O sismólogo Paulo Alves, do IPMA, explicou à agência Lusa que este tipo de eventos pode originar réplicas, como aconteceu na terça-feira, quando foram registados dois novos abalos de 2,4 e 1,8 na escala de Richter.
Sismo em Marrocos também foi sentido no Algarve
A atividade sísmica não se limita a Portugal. No passado dia 10 de fevereiro, um sismo de magnitude 4,9 no norte de Marrocos foi sentido no Algarve, nomeadamente nos concelhos de Albufeira, Faro, Loulé, Olhão e Silves. O IPMA classificou o abalo com intensidade máxima III na escala de Mercalli Modificada, o que significa que foi sentido dentro de casa, provocando vibrações semelhantes às de veículos pesados.
Especialistas alertam para necessidade de preparação
O sismólogo Paulo Alves reforça que a ocorrência de réplicas é natural e faz parte do processo de reativação das tensões geológicas. Apesar disso, o especialista sublinha a importância de preparação e sensibilização da população para lidar com um sismo de maior magnitude.
“As pessoas devem observar os locais onde passam mais tempo e conhecer os procedimentos de segurança. Quando um sismo acontece, não é a altura para começar a pensar no que fazer”, alerta Paulo Alves.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) recomenda que a população mantenha a calma, siga as instruções das autoridades e esteja atenta a eventuais réplicas de sismos.
Algarve: uma das regiões de maior risco sísmico em Portugal
O Algarve está entre as zonas de maior risco sísmico do país, juntamente com Lisboa e Vale do Tejo, segundo um estudo da Associação Portuguesa de Seguradores (APS). A vulnerabilidade da região reforça a necessidade de reforço das infraestruturas e medidas preventivas, bem como da adesão a seguros contra risco sísmico, uma cobertura que atualmente apenas 19% das habitações em Portugal possuem.
Com a frequência de eventos sísmicos a aumentar, especialistas defendem que a prevenção e a informação à população são essenciais para minimizar riscos e garantir uma resposta eficaz em caso de sismos de maior magnitude.
Página eletrónica do IPMA esteve inacessível após o sismo
O ‘site’ do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) esteve esta segunda-feira inacessível durante alguns minutos devido “a um volume de tráfego excecionalmente elevado”, após o sismo de magnitude 4,7 na escala de Richter registado no Seixal. O IPMA teve de disponibilizar uma “versão simplificada” da sua página na Internet.
“Página visível por acesso direto ou redirecionado (devido a um volume de tráfego excecionalmente elevado ou por ações de manutenção). No caso de redirecionamento, assim que a situação o permita retornará à página original”, lia-se.
Numa nota enviada à Lusa, a Iniciativa CpC: Cidadãos pela Cibersegurança lamentou a situação, que também tinha sido registada depois do sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter sentido em 26 de agosto de 2024. “O ‘site’ do IPMA tornou a não aguentar a carga dos utilizadores que procuraram saber o que se passava e que não conseguiram informação do ‘site’”, observou.
A CpC alertou que os sistemas do IPMA “não serão resilientes ao aumento de acesso” quando acontecer um grande sismo.
“Perante uma ocorrência deste tipo, seria de esperar que o ‘site’ do IPMA fosse a principal, mais fiável e segura fonte de informação. Infelizmente não foi”, referiu.
O grupo indicou ainda que o IPMA poderia minimizar o risco de o acesso ao seu ‘site’ ser interrompido com, entre outras medidas, “uma otimização do código”, testes de carga, mais servidores para lidar com o aumento do tráfego e uso de CDN (Content Delivery Network) para armazenar cópias do conteúdo em servidores distribuídos geograficamente, permitindo que os utilizadores acedam recursos de um servidor próximo.
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