O encerramento do trânsito rodoviário nas frentes ribeirinhas durante o verão e a criação de zonas de estacionamento são propostas do estudo do Plano de Mobilidade Sustentável da cidade de Tavira, que estiveram em consulta pública até esta quinta-feira.
O estudo, encomendado em 2019 pela Câmara de Tavira, já foi contestado por um movimento de cidadãos e pela associação Ecotopia Ativa, que consideram que o plano foi “feito ao arrepio” dos atuais modelos de mobilidade urbana sustentável e que favorece o transporte automóvel.
No entanto, segundo disse à agência Lusa a presidente da Câmara de Tavira, Ana Paula Martins, nesta fase, trata-se apenas de “relatório com um conjunto de propostas para a melhoria da mobilidade e acessibilidade, que não vinculam o município”, estando a ser recolhidos contributos para a versão final.
O relatório inclui medidas consideradas “urgentes” pela autarquia, como o estacionamento na cidade e a travessia da Estrada Nacional 125 a norte do município e outras que têm de ser devidamente avaliadas”, adiantou.
“Não é um documento final, mas sim, propostas para promover padrões de mobilidade mais sustentáveis e uma melhor qualidade de vida para todos, pela redução dos impactes negativos”, sublinhou a presidente daquele município do distrito de Faro.
O documento, considerado estratégico para a acessibilidade e uma mobilidade mais sustentável no concelho de Tavira, identifica intervenções de curto, médio e longo prazos, face aos crescimentos populacional, utilização do transporte individual e da procura de estacionamento nas zonas mais centrais.
Plano aponta diversos objetivos estratégicos de intervenção
O Plano de Mobilidade Sustentável aponta diversos objetivos estratégicos de intervenção, entre os quais o encerramento do trânsito rodoviário nas frentes ribeirinhas durante os meses de verão, a requalificação do espaço público e a racionalização do uso do transporte individual.
Aponta ainda a criação de zonas de estacionamento nas zonas centrais da cidade, a melhoria da qualidade e atratividade do transporte público e a promoção de padrões de mobilidade mais sustentáveis, suportados na utilização de veículos elétricos e do transporte público.
Já para os movimentos que o contestam, trata-se de um plano “do passado”, que negligencia as questões da saúde pública, do clima, da poluição, dos recursos hídricos e da convivência social, “sem ter havido participação na sua elaboração dos interessados”, ou seja, os residentes na cidade.
“Não apresenta quaisquer melhorias para a cidade, sugere ao invés, intervenções que em nada refletem as necessidades da cidade: mais carros, mais insegurança e diminuição da qualidade da paisagem urbana para o centro da cidade”, lê-se num comunicado daquela associção e dos Cidadãos pelo Campo de Experimentação Agrária (CEAT) e Hortas Urbanas de Tavira.
A presidente da Câmara de Tavira considera que os estudos “sugerem medidas relevantes para melhorar as acessibilidades e mobilidade do concelho, nomeadamente as que foram apontadas pelo município”, como as bicicletas partilhadas e a sensibilização para a utilização dos transportes públicos.
“Aguardamos também que outras sugestões sejam apresentadas pela população durante esta consulta pública para que seja elaborado um documento final para aprovação autárquica”, concluiu Ana Paula Martins.
Macário Correia diz que plano visa arrasar Tavira
O ex-presidente da Câmara de Tavira, Macário Correia, manifestou a sua posição relativamente ao Plano de Mobilidade Sustentável da Cidade de Tavira, afirmando que ficou “estupefato” com a proposta e não ter percebido “o motivo de uma consulta de oito dias sem divulgação”.
Mácario Correio ficou com dúvidas se “é uma ideia de uma empresa ou se são ideias do Executivo para consulta. Percebe-se que o documento é escrito por defensores dos automóveis em todo o lado e antes das pessoas e da memória da cidade”.
“O documento visa arrasar Tavira. Destrói os três jardins e largos da Baixa (Coreto, Corredoura e Alagoa), promove o alcatroamento do único espaço aberto (Largo da Feira) e arrasa no pior local o espaço do Posto Agrário”, considera.
“Os pressupostos estratégicos e filosóficos do dito Plano são uma absoluta contradição com o que se pensa e faz pelo Mundo fora”, observa, desafiando o “executivo municipal a promover uma sessão pública com a dita empresa devidamente divulgada”.