Com 19 anos, João Melo conta com cinco exposições no seu currículo, quatro países visitados, trabalha com os seus ídolos e desenvolve cada vez mais os seus projetos de sonho. Mas, para falar do presente, precisa-se de falar primeiro do passado.
Nascido e criado farense, foi nas ruas da cidade que desenvolveu a sua paixão: Documentar. Com oito anos recebeu, por uma amiga dos seus pais, a sua primeira máquina fotográfica: A Minolta Hi-Matic E. Foi com essa câmera que desenvolveu a sua paixão pela imagem, algo que não foi premeditado. A fotografia foi “apenas” a ferramenta encontrada para poder documentar a sua realidade.
Sendo o mais novo de quatro filhos, a sua infância foi passada durante a crise de 2008, catalisadora duma vida dura monetariamente para os seus pais e, sendo a fotografia analógica um meio dispendioso, teve de aprender a fotografar apenas com um rolo de 24 exposições por mês. Com estas 24 fotografias mensais, desde sempre que foi obrigado a escolher cuidadosamente o que queria fotografar.
Sempre fotografou amigos e família, até que, sem nenhuma base técnica, teve a oportunidade de fotografar o seu primeiro trabalho remunerado, com 12 anos feitos, para uma pequena empresa.
Com essa remuneração investiu numa máquina fotográfica melhor, que abriu a porta para que, três anos mais tarde, tivesse a sua primeira exposição a solo.
Em setembro de 2020, em plena pandemia, lança “Glantosz’s 2020, So Far”, uma coleção de 10 imagens do seu dia a dia durante o primeiro ano em situação pandémica.
A exposição foi a catalisadora da construção da sua rede de contactos, com nomes como Dino D’Santiago ou Monsta. Em janeiro de 2022, dois anos depois da sua estreia, lança “AUCTION”, a maior exposição a solo que tinha realizado, até à data, na galeria do IPDJ em Faro, e foi a partir daí que começa a participar em todas as iniciativas e encontros do IPDJ, que o leva a conhecer Igor, presidente da Associação de Ucranianos do Algarve.
Foi de uma conversa com Igor que, em maio de 2022, embarca numa viagem para a fronteira polaca com a Ucrânia e, durante alguns meses, desenvolve a primeira de duas partes de “P’ra Ti, Ukrânia”, uma coleção de 100 imagens e uma reportagem focadas na vida de voluntários, desde os centros de refugiados na Polónia, aos paramédicos da linha da frente.
Em março deste ano irá voltar por 15 dias ao território ucraniano para finalizar a reportagem, focada num casal de enfermeiros ingleses, Simon e Wanda, que trabalham em primeiros socorros nas aldeias da Oblast de Lviv.
O término da segunda e última parte do projeto vai marcar o início da produção do livro e exposição, com datas por anunciar, mas ainda em 2024.
No mundo do cinema, em fase de rodagens, produz “Eternidade”, uma curta-metragem que terá estreia em Faro e seguirá para diversos festivais nacionais e internacionais, escrita e realizada pelo próprio, com a participação de Maria Serafim e Beatriz Sequeira, jovens atrizes do Alentejo e Algarve.
Considera, em nota própria, que sempre foi, e será, um ‘workaholic’. Desde as primeiras imagens às mais recentes que sente a necessidade (e ansiedade) de produzir e documentar o máximo possível, de aproveitar todas as oportunidades e, principalmente, de o fazer sempre com um objetivo: Falar com o espectador sem utilizar palavras.
Leia também: Jovens que inspiram: João Melo – Para ti Ukrânia