Um homem de 49 anos morreu no domingo numa zona não vigiada entre as praias de Vale do Lobo e Loulé Velho, anunciou a Autoridade Marítima Nacional (AMN), atribuindo a causa da morte a uma alegada paragem cardiorrespiratória.
As autoridades foram informadas pelas 18:45 de que o homem, de nacionalidade francesa, estava em dificuldades, tendo sido retirado da água por banhistas “depois de alegadamente se sentir mal en- quanto estava a banhos”, refere a AMN em comunicado.
Apesar dos esforços de elementos do Comando local da Polícia Marítima de Faro, do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), nadadores-salvadores do dispositivo de assistência a banhis- tas da Câmara de Loulé e da Cruz Vermelha acionados para prestar socorro à vítima, esta acabaria por morrer, precisou.
“O homem foi assistido no local pelos nadadores-salvadores até à chegada do INEM, que deram continuidade às manobras de rea- nimação, não tendo sido possível reverter a situação”, lamentou a Autoridade Marítima.
Declarada a morte do homem pelo médico do INEM que se deslocou ao local, o corpo da vítima foi transportado para o Instituto de Medicina Legal de Faro pela Cruz Vermelha de Faro, acrescentou.
A AMN salientou ainda que foram acionados para o local elementos do Gabinete de Psicologia da Polí- cia Marítima para dar apoio aos familiares da vítima.
Homem faleceu após sentir-se mal na praia da Lota
Oito dias antes, no domingo da passada semana, um trágico incidente deixou banhistas e tes- temunhas em choque.
O jornalista da TVI Emanuel Monteiro encontrava-se presente no local e testemunhou de perto os eventos que culminaram na perda de uma vida. Além do luto e consternação inerentes a essa tragédia, Emanuel não hesitou em expressar publicamente o seu descontentamento em relação à resposta do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) no decorrer das operações de resgate.
“Estava na Praia da [Lota]. Um homem entrou em paragem cardiorrespiratória à nossa frente. Eram cerca das 13:15. Tanto os nadadores-salvadores, como dois enfermeiros, iniciaram manobras de reanimação ao senhor, que tinha apenas 58 anos, mais novo que o meu pai e, se calhar, que o vosso”, começa por referir, num conjunto de stories publicadas no seu Instagram pessoal.
Emanuel relata que o INEM foi contactado atempadamente. Mas que só chegou ao local fatídico pas- sados 40 minutos. Para além do atraso, o jornalista refere também que a equipa de socorro não trouxe consigo para o salvamento todo o equipamento requisitado para este tipo de situações.
“O INEM foi logo chamado, e devidamente informado sobre o que estava a acontecer. (…) Mas o INEM só apareceu 40, sim leram bem, 40 minutos depois, e em vez de mandar uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação, com um médico, um enfermeiro, má- quinas e medicação que salvam vidas, mandou apenas uma am- bulância com uma enfermeira e uma técnica de emergência, que mais nada fizeram além daquilo que já estava a ser feito”, relatou o jornalista.
Emanuel Monteiro também deixou críticas ao atual ministro da Saúde, Manuel Pizarro, especialmente porque, segundo o próprio, este não é um incidente isolado.
“Porque é que quando uma pessoa entra em paragem cardiorrespiratória o INEM, contactado e informado, não aciona de imediato uma VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação), esteja ela onde estiver, já que tem a possibilidade real de salvar vidas?”, questiona.
No mês de agosto estão centenas de milhares de turistas no Algarve, como sabe o INEM e como sabe Manuel Pizarro. Como assim uma VMER neste sítio do país, nesta altura do ano, pode estar a 45 mi- nutos de distância de uma pessoa que está a morrer? E como assim não vai assistir alguém que precisa de ser reanimado?
Significa, isto, que centenas de milhares de pessoas que estão neste momento no Algarve, caso tenham uma emergência, correm risco e podem morrer apenas porque os meios estão longe ou simplesmente porque não aparecem quando são necessários?”, questionou o jornalista, em jeito de reflexão. O INEM justificou, segundo Emanuel Monteiro, não ter despachado uma VMER devido à distância de 45 minutos e, depois de chegados ao local, da avaliação feita que con- cluiu que a situação do homem de 58 anos não era reversível.
“Era preciso muito mais, por isso, como era previsível, não foi pos- sível salvar o senhor. O Estado falhou, porque deixou morrer um homem sem ter feito tudo o que podia para o salvar, neste caso ter mandado uma VMER de imediato, com um médico, um enfermeiro e medicação e máquinas de suporte avançado de vida”, finalizou.
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