O Seinfield uma vez disse: “O corpo da Mulher é uma obra de Arte. O corpo do homem é simplesmente utilitário, só serve para nos levar de um lado para o outro, é como se fosse um jipe!”. Mas porquê esta distinção, principalmente dentro do círculo da arte, a mulher sempre teve um destaque mais central do que o homem. Vamos descobrir algumas das razões que levaram a nudez da mulher a ser tão relevante para a sociedade e para os artistas.
No geral, as pessoas sempre opinaram cada um há sua maneira sobre a nudez ao longo dos tempos. E a nudez tem evoluído bastante nas sociedades mais modernas e liberais, mas existem ainda muitos locais no Mundo em que a nudez é ainda vista como algo proibitivo e inaceitável, principalmente a da mulher. Hoje em dia, a nudez está presente em grande parte da cultura no geral, na pintura, fotografia, cinema, teatro e até mesmo em lugares públicos. É vista como um barómetro importante e integral na vida social das pessoas, na cultura e na nossa identidade, mas existem ainda muitas vozes que se opõem ou são tímidas mesmo que a aceitem como fruto da liberdade de expressão. Desde os tempos pré-históricos até às primeiras civilizações que a nudez quase sempre fez parte dos desenhos e pinturas e pelas mais diversas razões, essa representação sempre explorou diversos sentidos e contextos, sejam eles alegóricos, históricos ou religiosos. Mas também eram usados simplesmente como decoração nas paredes ou arquitetura.
Hoje em dia, são três as grandes categorias em que a nudez é representada: pornografia, artística e informativa (ciência), muitos artistas usam a nudez, principalmente da mulher, para demonstrar a sua beleza intrínseca, mas também para imprimir outros significados mais ambíguos e até mesmo negativos, como por exemplo lutas sociais, ativismo e outros problemas sérios na sociedade, o corpo nu da mulher tornou-se essencialmente num campo de batalha, uma linha, uma divisão entre o moral e o imoral, transformou-se numa barreira imaginária que é geralmente usada como arma de arremesso contra sistemas totalitários e opressivos, com uma visão estreita dos direitos da liberdade de expressão. O corpo nu da mulher é usado igualmente como uma arma para reivindicar direitos das próprias mulheres no lugar da sociedade e o controlo sobre o seu próprio corpo, o corpo da mulher é visto essencialmente como o futuro da Humanidade e que deve estar sobre escrutínio constante e é matéria de importância extrema. O corpo nu da Mulher tornou-se num símbolo, num mártir e num ideal que provoca alguma pressão até sobre o género feminino, que se vê no meio de todas estas correntes e mentalidades.
Mas o mais engraçado é que o corpo do Homem é exatamente igual ao da Mulher e de igual importância, porque um não pode sobreviver sem o outro, e esteve igualmente presente na arte, em igual patamar com a Mulher, na altura do Renascentismo nos meados do século XIV, lembram-se certamente da icónica obra de arte de Leonardo da Vinci “O Homem Vitruviano” que simboliza um ideal renascentista humanista e clássico. Esta época marcou definitivamente uma divisão clara entre a Idade Média. Por esta altura aconteceram grandes transformações evidentes na cultura, sociedade, economia, política, religião, mas definitivamente nas artes, filosofia e ciências, que se caracterizaram na transição do feudalismo para o capitalismo, do dogmatismo religioso e do misticismo para racionalidade, modernismo e progressividade. Muitos artistas aproveitaram esta época para se libertarem e exprimirem como queriam, antes desta época os artistas estavam proibidos de representarem nudez e apenas pintavam quadros sobre temas e personagens sobrenaturais ou fictícios, mas, é precisamente durante esta época de grande transformação que foram criadas muitas obras de referência onde a nudez tinha um papel central, mas houve uma peça essencial em particular que marca uma clara inovação e referência no mundo da arte da nudez.
O Nascimento de Vénus é uma pintura icónica de Sandro Botticelli em que a mulher nua, uma deusa, está ao centro dentro de uma concha, representando a beleza feminina, a fertilidade, o amor divino, espiritualidade e na minha opinião claramente mais moderna, liberdade. Estas representações como já disse anteriormente vão-se alterando com o passar dos tempos, muitos artistas hoje em dia, tentam representar o corpo nu da mulher para comunicar uma diversidade de ideias e emoções, além de verem o corpo como algo único e transversal que une os diferentes povos em redor do Mundo, também podem ser fruto de outros valores e simbolismos, como por exemplo, inocência, pureza, feminismo, força, diferença, esperança, união, para não falar dos sentimentos negativos, do outro reverso da medalha…, é como se o corpo da mulher, já não seja apenas um símbolo de desejo carnal para os artistas, é um escape, uma palete infinita de representação dos problemas e das feridas da sociedade, o corpo nu da Mulher foi escolhido para ser um campo de batalha das nossas aspirações e das nossas angústias.
Esta área da fotografia é bastante popular entre os fotógrafos, porque é especialmente difícil, porque afinal quer-se representar bem a mulher e o seu corpo, transmitindo os seus ideais de beleza, sob o nosso olhar artístico, além de se poder dar lugar à experimentação de outros e variados temas mais complexos ou abstractos. O fotógrafo nestes casos tem a oportunidade de aprender bastante sobre, por exemplo, iluminação, seja natural ou artificial, mas também a arte da pose e o uso de objetos particulares e/ou o próprio lugar em si. É absolutamente necessário discutir os contornos deste género de sessão fotográfica antes, para que não hajam surpresas, uma vez que este é sempre um trabalho que exige sempre bastante da parte do fotógrafo como da modelo. Mas após ganharem coragem os receios desvanecem-se e as modelos apreciam o resultado final. Este género de fotografia é uma luta enorme da liberdade de expressão e muitas das vezes as pessoas não sabem bem o que têm, e é frágil, isto porque o tempo e a sociedade estão constantemente em mutação e por vezes esquecemo-nos que a censura pode rapidamente instalar-se e os direitos e liberdades que se perdem muitas das vezes infiltram-se como raízes e dificilmente regressam ao estágio que estavam antes. Expor-nos ao Mundo como viemos é mostrar a verdade intrínseca da nossa Humanidade, a nudez é sinónimo de liberdade.