A criação de um comboio de alta velocidade entre Faro e as cidades espanholas de Huelva e Sevilha é o objetivo de um manifesto assinado pelos representantes máximos dos três municípios, anunciou na quarta-feira da passada semana a autarquia algarvia.
O manifesto, assinado no âmbito do 1.º Encontro Internacional pela Alta Velocidade, que juntou a Câmara de Faro e os Ayuntamientos de Huelva e Sevilha, defende a construção de uma linha ferroviária de alta de velocidade transfronteiriça que una as três cidades, informou o município português em comunicado.
O presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, e os alcaides de Huelva, Pilar Miranda, e Sevilha, José Luis Sanz, assinaram o manifesto, que pede o reconhecimento da importância do desenvolvimento desta ligação ferroviária pelas autoridades nacionais de ambos os países e pela União Europeia.
Os três signatários do manifesto apelaram às autoridades luso-espanholas e comunitárias para classificarem o corredor ferroviário entre o Algarve e a Andaluzia (Espanha) como “obra prioritária” na Rede Transeuropeia de Transportes, dotando-a dos “fundos necessários para o início dos trabalhos prévios”.
Ligação ferroviária entre o Algarve e a Andaluzia seria um marco na conectividade
Os responsáveis autárquicos dos municípios de Faro, Huelva e Sevilha argumentaram no manifesto que a alta velocidade trouxe “desenvolvimento económico” e um “notável crescimento” a cidades e regiões que foram dotadas de “uma moderna rede ferroviária”. Os três representantes municipais consideram ainda que o Algarve e a Andaluzia “carecem de uma infraestrutura férrea que permita consolidar um crescimento” e “potencie os seus recursos e condições” naturais e de infraestruturas hoteleiras e industriais.
“A ligação ferroviária entre o Algarve e a Andaluzia através de uma linha de alta velocidade que conecte Faro com Huelva e Sevilha seria um marco na conectividade entre dois territórios”, consideram.
A inexistência de uma ligação ferroviária transfronteiriça entre as duas regiões representa, frisaram, um “‘handicap’ [desvantagem]” quer para “o desenvolvimento logístico do território”, quer para o “transporte de passageiros em duas zonas com vocação turística”.
“A criação de um corredor ferroviário atlântico, que coloque a Linha do Algarve em comunicação com o resto da arquitetura da rede ferroviária espanhola, vai permitir a mobilidade eficiente e rápida de passageiros e mercadorias, mas também fomentar a coesão territorial e o desenvolvimento social e económico regional e transfronteiriço”, afirmou Rogério Bacalhau, citado no comunicado do município.
A ligação vai também permitir, segundo o autarca farense, aproximar o sul da Península Ibérica do centro económico europeu e dar “passos importantes para atingir as metas ambientais de descarbonização” exigidas para combate aos efeitos do aquecimento global e das alterações climáticas.
Pilar Miranda, também citada no comunicado, recordou que a União Europeia defende o planeamento e o avanço da cooperação transfronteiriça entre os Estados-membros e considerou que, por isso, “a reivindicação de uma linha de alta velocidade Faro–Huelva–Sevilha deve contar com o apoio político e financeiro” comunitário.
“Hoje, fomos nós, autarcas, a assinar este manifesto de apoio, mas este é um documento aberto para que venha a ser adotado e assinado por todas as administrações e agentes sociais”, salientou. Igualmente citado, o alcaide de Sevilha, José Luis Sanz, apelou ao Governo espanhol para que avance com a linha ferroviária de alta velocidade entre Sevilha e Huelva e pediu à Comissão Europeia que impulsione a ligação desse traçado até Faro.