Skip to content
Postal do Algarve

Postal do Algarve

Menu
  • Homepage
  • Sociedade
    • Ciência
  • Economia
    • Brand Story
    • Patrocinado
    • Publicidade
  • Cultura
    • Ensino
    • Lazer
  • Desporto
  • Saúde
  • Política
    • Legislativas 2022
  • Opinião
  • Europe Direct Algarve
  • Edição Papel
    • Caderno Alcoutim
  • Contactos
Menu
Edição Papel, Opinião, Sociedade

Meio século depois, a desigualdade galopante | Por Mendes Bota

PERCEPÇÕES… E REALIDADES (26). A opinião de Mendes Bota, antigo presidente da Câmara Municipal de Loulé, parlamentar e diplomata da União Europeia

14:30 16 Setembro, 2023 17:21 16 Setembro, 2023 | POSTAL
  • Facebook
  • Messenger
  • Whatsapp
  • Twitter
  • Telegram
  • Email
  • Linkedin
  • Pinterest

Há algo de muito sinistro na sociedade de hoje, quando abundam exemplos de como a corrupção e a falta de escrúpulos compensam, enquanto valores como a honradez e a probidade perdem terreno a cada dia que passa, em proveito daqueles que conhecem as manhas de como contornar a lei, subverter as regras, contorcer princípios, escarnecer da ética.

O cidadão comum, o zé povinho bordalês, o raia miúda mexilhão maioritário nesta democracia invertida, percebe a Justiça como uma dicotomia para fortes e para fracos, em função da carteira de cada um. O sistema ultra garantístico consente a liberdade para uma cambada de crápulas, saltitando de recurso em recurso até à prescrição final. Os tráficos mudaram. Onde ontem se traficavam mercadorias, hoje traficam-se seres humanos (novas escravaturas, prostituição, migrantes) e influências, em mercê de subornos, favores, e comissões omnipresentes.

MENDES BOTA
Antigo parlamentar e diplomata da União Europeia

O cidadão comum, o zé povinho bordalês, o raia miúda mexilhão maioritário nesta democracia invertida, percebe a Justiça como uma dicotomia para fortes e para fracos, em função da carteira de cada um

Cinquenta anos passaram. Quase meio século depois da revolução que prometeu mudar a vida dos portugueses, muita coisa mudou de facto. Materialmente, para melhor na maioria dos casos. Embora com todas as deficiências que os noticiários mostram, a cobertura das estruturas de Saúde, de Educação ou Segurança Social é incomparavelmente maior que em 1974. Nesse tempo, não se tratava um quilo de resíduos domésticos ou de qualquer natureza. Campeavam lixeiras a céu aberto. Existia meia dúzia de quilómetros de auto-estrada, e uma rede viária incipiente. A água, o saneamento básico, a electricidade ao domicílio não chegavam a uma parte importante do território e das populações. Quem imagina hoje o que seria viver assim? Porquê, então, este sabor a frustração, a ideais traídos, a sonhos enterrados, dos sobreviventes daquele dia 25 do mês de Abril de sua graça, que ainda recordam a alegria colectiva que inundou o país? Que surfaram numa onda de esperança por dias melhores? Neste longo entretanto o número de casas duplicou em Portugal, mas comprar ou alugar hoje uma habitação condigna passou a ser impossível para jovens casais, um quarto que seja para estudantes. Ou para reformados e trabalhadores acorrentados a salários mínimos, e classes médias asfixiadas por cargas fiscais incomportáveis, tais são os preços do mercado.

O país investe montantes consideráveis na formação de jovens quadros, portadores de canudos de licenciaturas, mestrados e doutoramentos que cedo emigram em busca de melhores oportunidades. Um êxodo! Ao mesmo tempo, Portugal é uma porta aberta à importação desregulada de mão de obra sem qualificação. Um absurdo! As taxas de desemprego atingiram os níveis mais baixos de sempre, mas quase metade dos portugueses são oficialmente pobres ou estão à porta da pobreza de mão estendida ao assistencialismo do Estado ou dependentes da caridade de outros cidadãos. É nesta desigualdade social galopante que reside o maior falhanço da nossa democracia. Corre-se o risco de ela se sobrepor ao muito que de positivo aconteceu no último meio século.

A poucos meses da passagem dos cinquenta anos do 25 de Abril, pouco ou nada se fala em comemorar a efeméride que mudou as nossas vidas. Havia um comissário que passou a ministro. E um general que passou a pasta. Criou-se uma comissão. O silêncio não é bom conselheiro. Pode perder-se a oportunidade de fazer um balanço sério, despartidarizado, sem azedumes saudosistas nem proprietários do 25 de Abril. Ele pertence aos que lá estavam à data, e aos que vieram depois. Ou seja, todos nós. E se o inventário histórico é importante, melhor ainda seria o sobressalto cívico de que o país precisa daqui para a frente, para fazer o que não foi feito, Abrunhosa dixit.

*O autor escreve de acordo com a antiga ortografia

Leia também: Os apetites vorazes que atacam o nosso litoral vão estender-se também às praias | Por Mendes Bota

Últimas

  • Brasileiros surpreendem com respostas a: “Qual é o único país que faz fronteira com Portugal?”[vídeo]
    Brasileiros surpreendem com respostas a: “Qual é o único país que faz fronteira com Portugal?”[vídeo]
  • Portugal sobe ao oitavo lugar do ranking FIFA
    Portugal sobe ao oitavo lugar do ranking FIFA
  • EN125 faz parte das cinco estradas em que morreram 10% das vítimas de acidentes
    EN125 faz parte das cinco estradas em que morreram 10% das vítimas de acidentes
  • Aeroporto de Faro de novo com milhares de passageiros na zona de chegadas [vídeo]
    Aeroporto de Faro de novo com milhares de passageiros na zona de chegadas [vídeo]
  • Deputado do PSD Luís Gomes vai ser substituído por Dinis Faísca na Assembleia da República
    Deputado do PSD Luís Gomes vai ser substituído por Dinis Faísca na Assembleia da República

Opinião

  • Leitura da Semana: O Grande Panda e o Pequeno Dragão, de James Norbury | Por Paulo Serra
    Leitura da Semana: O Grande Panda e o Pequeno Dragão, de James Norbury | Por Paulo Serra
  • Meio século depois, a desigualdade galopante | Por Mendes Bota
    Meio século depois, a desigualdade galopante | Por Mendes Bota
  • Falta habitação. É preciso políticas de construção a preços controlados | Por Elidérico Viegas
    Falta habitação. É preciso políticas de construção a preços controlados | Por Elidérico Viegas

Europe Direct Algarve

  • Ciclo de debates ‘EUropa no centro’ chega ao Mar Shopping Algarve
    Ciclo de debates ‘EUropa no centro’ chega ao Mar Shopping Algarve
  • Podcast | SOTEU 23 – Europa quo vadis? O eco dos nossos mais jovens cidadãos
    Podcast | SOTEU 23 – Europa quo vadis? O eco dos nossos mais jovens cidadãos
Há um novo POSTAL no Algarve nas bancas com o EXPRESSO. Faça a sua assinatura! 🌍
  • Política de Privacidade, Estatuto Editorial e Lei da Transparência
Configurações de privacidade
©2023 Postal do Algarve