Os lançamentos de livros costumam ocorrer de forma presencial, sendo a obra apresentada por alguém especialista no tema, muitas vezes também o autor do prefácio do livro, e contando com a presença do autor e do editor da obra. É um momento especial, em que o texto escrito pelo autor passa do seu universo pessoal cognitivo e emocional para o domínio público, sendo partilhado com todos aqueles que, estando presentes, passam a ser também conhecedores dos pensamentos, reflexões ou histórias escritas pelo autor, podendo depois aprofundá-las quando proceder à leitura da obra. É um momento que termina com elogios por parte dos presentes ao autor do livro e com dedicatórias e autógrafos mais ou menos personalizados por parte deste nos livros adquiridos pelos presentes nesse momento do lançamento.
É também um momento de partilha de afetos, com elogios ao autor da obra, feitos por quem apresenta o livro e também pelos presentes no lançamento, nesse momento final de autógrafos.
Já tenho participado em muitas sessões de lançamento de livros, quer como autor da obra que está a ser lançada, quer como autor do prefácio e apresentador da obra escrita por outro, quer como mero espetador. Em todos os casos, são momentos bonitos de partilha de ideias e de afetos.
Mas isso tem sentido quando existe um livro físico, um objeto em torno do qual giram as reflexões e os afetos partilhados nesse momento do lançamento.
Com as novas tecnologias, e também como forma de defesa do ambiente, muitos livros começaram a ser editados online, sem haver impressão do mesmo em papel.
Esta foi a opção para este livro, bastando clicar no link que está no final deste artigo para o leitor ter acesso ao mesmo.
Não havendo um livro “físico” e sendo este livro resultado de crónicas escritas e publicadas ao longo do tempo, já anteriormente partilhadas com o público, não nos pareceu ter muito sentido fazer um lançamento presencial, sendo este substituído por este lançamento “virtual”.
Afinal, isto enquadra-se naquilo que começou a ser comum como consequência da pandemia da Covid, em que muitas formas de interação passaram a ser online, incluindo as aulas e grande parte do trabalho realizado, deixando o teletrabalho de ser a exceção.
Mas confesso que ao escrever estas palavras, sinto falta do momento de partilha que só o presencial permite!
Neste lançamento “virtual” partilhamos alguns extratos da Introdução escrita no início do livro, bem como do Prefácio escrito pelo Henrique Dias Freire, que também é o Diretor do Cultura.Sul que edita esta obra, e do Posfácio escrito pela Mirian Tavares, Professora de Artes Visuais da Universidade do Algarve.
Enquanto os 106 artigos que integram este livro foram sendo publicados ao longo dos anos, entre 2011 e 2024, a Introdução, o Prefácio e o Posfácio só foram escritos agora a propósito deste livro.
Do Prefácio, destacaria o seguinte extrato:
“Este livro não só nos desafia a repensar as nossas próprias perceções e entendimentos sobre as artes visuais, mas também nos convida a explorar novas formas de ver, pensar e sentir o mundo à nossa volta. É uma obra que celebra a beleza, a complexidade e o poder transformador da arte, e que nos lembra da importância de continuarmos a fazer perguntas, a procurar respostas e a nunca deixarmos de nos maravilhar com o extraordinário potencial da expressão humana.
Espero que os leitores se sintam tão inspirados e enriquecidos por estas reflexões como eu me senti ao lê-las. Que este livro sirva não apenas como uma fonte de conhecimento e insight, mas também como um convite para uma jornada contínua de descoberta e apreciação das artes visuais.”
Do Posfácio, saliento o seguinte parágrafo:
“Saúl não se limitou a comentar exposições e trabalhos de artistas, mas tentou sempre, ao longo dos seus textos, perceber o papel da arte no nosso quotidiano, a sua relação com o nosso bem-estar e os caminhos que as artes estão a trilhar na sua relação com as novas tecnologias. São para cima de uma centena de artigos que nos ajudam a conhecer melhor o que se faz no Algarve, mas também o que a arte faz e pode fazer por cada um de nós.”
E da Introdução, que escrevi para este livro, destacaria o seguinte texto:
“Muitas vezes são colocadas questões sobre as artes visuais, as exposições ou as obras produzidas pelos artistas. (…) Todos os 106 artigos publicados têm como título uma questão, sobre a qual procurei refletir. (…) Com os artigos publicados não procurei a resposta correta ou adequada para cada questão, até porque não existe, mas apenas tentar esclarecer cada uma das questões colocadas.
(…) Tudo tem um princípio e um fim… E sinto que este é o momento para finalizar a minha colaboração assídua / mensal com o Cultura.Sul, deixando este livro que “marca” o meu contributo de quase 15 anos.
A sociedade em que vivemos leva-nos a estar quase sempre focados no futuro, em objetivos a atingir, mas é importante saber parar, olhar para trás e saborear o presente!
É isso que vou procurar fazer agora…”
E, finalmente, deixo-vos o link para o livro que fica a partir de agora disponível para todos os que o queiram ler:
Link para livro “+ de 100 reflexões em torno das Artes Visuais”
Leia também: Será que pode haver arte proibida? | Por Por Saúl Neves de Jesus