Com os olhos postos no futuro, o Algarve anda à caça de talentos. Não apenas do talento nacional, mas também daquele quem vem do estrangeiro. “Precisamos de pessoas sem medo e que tenham vontade de arriscar. Pessoas com visão, com capacidade de investimento e uma grande criatividade”, explica ao Postal do Algarve o coordenador da SEDES Algarve – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social.
A instituição coordenada por Paulo Neves organiza esta sexta-feira juntamente com a empresa canadiana Empowered Startups uma sessão sobre o tema ‘Imigração do Talento – casos de estudo e boas práticas’ e que reúne na Universidade do Algarve um conjunto de notáveis que vão debater este assunto (ver peça secundária).
Para muitos, Portugal tem hoje ingredientes bastante atrativos para quem quer investir. E por isso mesmo a Empowered Startups, empresa canadiana com escritório em Portugal, vê assim uma boa oportunidade de ajudar no desenvolvimento do Algarve e do país.
“Temos ótimos empresários e empreendedores a trabalhar connosco em projetos muito interessantes, realizados em parceria com a Universidade do Algarve. Vamos apresentar alguns desses projetos, que são bons exemplos da atração de profissionais qualificados para Portugal. E vamos poder debater, de forma mais abrangente, a importância desta imigração de talento, o potencial que traz ao Algarve e as oportunidades que cria, para o nascimento de novas empresas tecnológicas nesta região”, adianta Francesco Berrettini, diretor de Parcerias da empresa canadiana em terras portuguesas.
Apesar do país estar disponível a abraçar novos investimentos, Paulo Neves reconhece que ainda há um longo caminho a percorrer, daí “ser necessário sensibilizar os políticos, os empresários e as instituições para a chegada de pessoas com vontade de trabalhar e criar. Esta carga negativa que persegue atualmente o fenómeno da imigração tem de desaparecer. Se o Algarve é visitado por pessoas de mais de 160 países, temos de ver isto como uma grande oportunidade. Temos pessoas do Canadá, da América Latina, Ásia, do centro da Europa, que escolhem o Algarve para trabalhar. Pagam impostos e trazem capacidade de trabalho, conhecimento, criatividade e mão de obra”.
O sol, as temperaturas amenas, as praias, as paisagens e a gastronomia são um autêntico íman para os estrangeiros, mas nem só de turismo pode viver a região sul de Portugal.
“O Algarve está a diversificar a sua atividade, na área das tecnologias, através de parcerias com os centros académicos, com as universidades, com as associações empresariais. Na agricultura estamos a assistir a uma transformação, com base em investimentos e em parcerias de conhecimento e capital. Estamos a progredir, mas queremos ir ainda mais longe. A tecnologia é cada vez mais importante na produção e na obtenção de resultados, mas a criatividade também assume um papel muito importante”, conta o responsável da SEDES Algarve, que destaca ainda o trabalho feito na área agroalimentar e das energias renováveis”.
“Não podemos viver no medo e na desconfiança”
Mas também há dificuldades em todo este percurso, em especial na altura de acolher aqueles que escolhem Portugal para viver e investir. “Tem de haver uma mudança de atitudes e mentalidades. Nós não podemos desconfiar daqueles que entram no nosso país”, começa por defender Paulo Neves, afirmando que é fundamental que haja “uma maior confiança entre a administração e o cidadão”.
“Não podemos receber estas pessoas com desconfiança e burocracia, seja na obtenção de documentos, de acesso a uma casa ou até à carta de condução. Nós somos uma terra de oportunidades. Não temos de viver com o medo do terrorismo ou de sermos aculturados por outras religiões. Temos é de ter a coragem de viver neste contexto global”, acrescenta.
“Ter medo vai contra a nossa história”
Ao Postal do Algarve, o líder da SEDES Algarve mostrou-se otimista para o que aí vem, e fez referência por diversas vezes a uma palavra: Arriscar.
“Todos nós temos de arriscar. Ter medo vai contra a nossa história”. Mas se o objetivo é fazer entrar talento, criatividade, mão de obra e investimento, Paulo Neves sabe que também há um caminho em direção oposta. Mas mais uma vez vê isso não como um problema, mas sim como uma oportunidade.
“Também é bom que os nossos jovens emigrem, pois isso é sinal de que vão conhecer novas realidades, que se vão enriquecer de conhecimento. E um dia, quando regressarem, trazem uma bagagem muito maior e podem aplicar o que aprenderam na nossa região e no nosso país”, explica.
“Claro que preferia que todos tivessem uma oportunidade aqui, mas nesta competição global é natural que muitos encontrem lá fora outras realidades”, sublinha.
Talento debatido por várias personalidades
A Universidade do Algarve, no Complexo Pedagógico do Penha, é o palco principal do evento ‘Imigração de Talento – casos de estudo e boa prática’ esta sexta-feira. Este é o tema que vai estar em debate por várias personalidades ligadas ao mundo empresarial, assim como político.
Destaque para a presença na mesa-redonda dos eurodeputados Carlos Zorrinho e Maria Graça Carvalho, que estarão acompanhados por Christopher Lennon (Empowered Starups) e por Carlos Lobo, professor de Direito da Universidade de Lisboa.
A moderação da conversa é da responsabilidade de Francisco Serra, presidente da Algarve Science and Technology Partnership. A sessão de abertura vai estar a cargo de Paulo Neves (SEDES Algarve) e Francesco Berrettini (Empowered Startups).
Já João Rodrigues, vice-reitor da Universidade do Algarve, falará da ligação entre a instituição de ensino que dirige e a comunidade, enquanto Maria Palma Mateus dará um testemunho sobre a aplicação móvel ‘Carb Manager’.
O evento é livre, mas é necessário um registo prévio aqui. Terá lugar no auditório 1.4.
- Por João Tavares
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