Os humanos começaram a plantar variantes de trigo e domesticaram pequenos rebanhos, há cerca de 14.500 anos, na Anatólia Central e Cáucaso, iniciando uma economia agro-pastorícia. Há evidencias de cultivo de Painço na China cerca de 8 000 ac., associadas a instalações de armazenamento e utensílios para o cultivo. O cultivo de variedades de Painço estende-se pela Índia, pelo Cáucaso e região do Mar Negro por volta de 5000 ac., na Grécia cerca de 3 000 ac. e no Nordeste do rio Senegal cerca de 6 000 ac. Não é o Painço que migra com populações migrantes, é o conhecimento do seu uso que se expande. As condições que facilitam o uso destes cereais num local, também permitem que ele ocorra em qualquer outro, eventualmente de modo independente. Deste modo, mais para Oeste, outros cereais sejam cultivados, como a Cevada e o Centeio e em outros lugares da China com ambientes húmidos, como sapais ou pântanos, o Arroz é domesticado.
A agricultura determina a fixação das populações de um modo mais permanente e a apropriação do território. A maior produção de alimento permitiu o crescimento populacional, a transformação dos assentamentos mesolíticos em povoações, um início de complexidade social e o desenvolvimento tecnológico com o aparecimento de veículos rodados e carroças cobertas e a mineração do cobre. Introduzem a cultura da cerâmica Cardial que evolui localmente com uma diversidade de variantes. É a chamada Revolução do Neolítico.

Professor coordenador (aposentado).
Escola Superior de Educação e Comunicação, Universidade do Algarve
Os monumentos funerários megalíticos como, dólmens, antas, cromeleques e menires, fazem sentido numa comunidade que não muda de local e que passa a ver nos antepassados parte da sua identidade presente
Aumento populacional e esgotamento dos terrenos, terão levado ao movimento de algumas destas comunidades desde a Anatólia, através do Danúbio, para a Europa cerca de 7 000 ac. Cerca de 4 000 ac. toda a Europa tinha uma economia agro-pastorícia. Diferenças genéticas apontam para migrações independentes, uma pelo centro da Europa e outra ao longo da costa do Mediterrâneo que entram na Península Ibérica, uma pelo Este e outra pelo Oeste dos Pirenéus.

Esses agricultores do Neolítico tinham pele clara e olhos castanhos, tinham idiomas, regimes alimentares e modos de vida diferentes das populações de caçadores-recolectores com que conviveram, embora inicialmente separados. Gradualmente, a agricultura e a pastorícia foram adotadas pelas populações autóctones que incorporaram as características plenamente neolíticas e a fusão cultural e populacional. A sedentarização afirmou-se definitivamente.
A agricultura determina a apropriação do território e identificação do grupo como entidade territorial. O território passa a ser parte da tribo, que leva ao conceito de comunidade e a sua diferenciação de outras comunidades vizinhas. Os enterramentos passam a ser coletivos e os antepassados constituem parte da comunidade, legitimando a pertença dos vivos à comunidade: são membros da comunidade os que residem na terra dos antepassados. Os monumentos funerários megalíticos como, dólmens, antas, cromeleques e menires, fazem sentido numa comunidade que não muda de local e que passa a ver nos antepassados parte da sua identidade presente. Estas comunidades estabeleceram redes de comunicação através das quais circulavam objetos, pessoas e integrando novos elementos culturais.

A singularidade da composição genética específica da população do Neolítico da Península, permite traçar a expansão posterior para Norte da cultura da cerâmica “Cardial” e da cultura megalítica, ao longo da costa atlântica de França até à Grã-Bretanha, excluindo a Inglaterra, e distinguindo-se do resto da Europa.
No final deste período, a construção de paliçadas defensivas é sinal de ameaças exteriores. Embora sem sinais de ocorrência de algum acontecimento importante ou conflitos em massa, cerca de 3400 ac., os prósperos povoados neolíticos que acolhiam centenas de pessoas encolheram ou desapareceram.
(1)http://www.public-domain-image.com/full-image/nature-landscapes-public-domain-images-pictures/rock-stones-public-domain-images-pictures/paulnabrone-tombs-dolmens-burren-rocks.jpg.html
(2)https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Anta_S%C3%A3o_Geraldo.jpg
Leia também: Os Humanos espalham-se pelo mundo | Por José Manuel do Carmo