A crise imobiliária em Portugal tem captado a atenção da imprensa internacional, que sublinha a gravidade da situação e o risco iminente de uma nova bolha. Apesar das dificuldades económicas globais desde a crise de 2008, Portugal destaca-se pela intensidade com que o mercado imobiliário se tem tornado inacessível, especialmente em Lisboa e no Porto, onde os preços das habitações atingem níveis alarmantes.
O Crescimento Descontrolado dos Preços
Os números falam por si. De acordo com o portal Idealista, em julho de 2024, o preço médio da habitação em Portugal era de 2.654 euros por metro quadrado, superando os 2.153 euros por metro quadrado em Espanha. Esta disparidade torna-se ainda mais acentuada nas capitais: enquanto em Madrid o preço ronda os 3.500 euros por metro quadrado, em Lisboa este valor ultrapassa os 5.600 euros, representando uma diferença de quase 38%.
O Porto, a segunda maior cidade do país, também não escapa a esta tendência. Com preços que ultrapassam os 3.560 euros por metro quadrado, o Porto já se apresenta como uma cidade mais cara do que Madrid e até mesmo do que o Funchal, na Madeira, que se aproxima dos valores praticados nas principais urbes do continente.
A Crise no Mercado de Arrendamento
Se o mercado de compra está fora do alcance de muitos, o de arrendamento não oferece qualquer alívio. O salário mínimo em Portugal continua a ser insuficiente para cobrir os custos elevados da habitação. Em Lisboa, o arrendamento médio atinge os 21,5 euros por metro quadrado, com o Porto e o Funchal a seguirem a tendência, com 17,4 euros/m2 e 14,6 euros/m2, respetivamente. Esta realidade contrasta fortemente com as cidades mais acessíveis, como Castelo Branco (6,8 euros/m2) e Viseu (7,2 euros/m2), refletindo a desigualdade profunda no mercado imobiliário português.
Riscos e Implicações Económicas
A escalada dos preços imobiliários em Portugal levanta sérias preocupações sobre a formação de uma bolha imobiliária. Tal cenário poderia desencadear uma crise económica comparável à de 2008, cujas consequências ainda se fazem sentir globalmente. A pressão sobre o mercado habitacional em Lisboa e no Porto, alimentada pela especulação e pela procura internacional, exacerba a falta de acessibilidade, tornando a compra e o arrendamento impossíveis para uma grande parte da população.
A crise imobiliária portuguesa, ao contrário do que acontece noutras capitais europeias, como Madrid, tem uma complexidade única que atraiu a atenção dos meios de comunicação estrangeiros, como o jornal espanhol elEconomista. Este órgão de comunicação sublinha que, apesar de Madrid e Barcelona serem destinos turísticos de renome, Lisboa e Porto enfrentam uma realidade bem diferente, marcada pela falta de políticas habitacionais eficazes e por um mercado cada vez mais exclusivo.
A Necessidade Urgente de Soluções
Diante deste panorama, a imprensa internacional e os especialistas alertam para a necessidade urgente de intervenções governamentais que possam mitigar a crise e garantir a acessibilidade habitacional. Sem tais medidas, Portugal arrisca-se a entrar num ciclo de desigualdade e instabilidade económica, com possíveis repercussões a longo prazo.
Portugal encontra-se, assim, num ponto crítico, onde as decisões tomadas nos próximos tempos serão determinantes para evitar um colapso no mercado imobiliário e as suas consequências devastadoras.
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