O euro caiu esta terça-feira, 5 de julho, para 1,0316 dólares, um mínimo face ao dólar em quase 20 anos.
Cerca das 10h15 em Lisboa, o euro descia para 1,0311 dólares, menos 1,07% do que no fecho de segunda-feira.
De acordo com Neil Jones, analista de câmbio da casa de investimento Mizuho, em declarações à Bloomberg, “a paridade” com o dólar “é uma questão de tempo agora”.
O modelo da agência de notícias prevê uma probabilidade de 60% até ao final do ano que o euro atinja a paridade com a moeda norte-americana. Na segunda-feira, esta era de 46%.
A lentidão do Banco Central Europeu em aumentar as taxas de juro face à Fed, e a menor agressividade destes aumentos estão a contribuir para a desvalorização do euro face ao dólar. A divulgação de indicadores económicos de economias chave da zona euro que sugerem um abrandamento da atividade económica e a ameaça energética dos próximos meses são outros fatores de pressão.
O BCE pretende aumentar a taxa de juro de referência em 25 pontos-base em julho, outro aumento em setembro – talvez mais acentuado se as circunstâncias o exigirem – e prevê retomar o ciclo de subidas no último trimestre tendo em conta as condições económicas.
A Fed já vai na terceira subida das taxas de juro, tendo acelerado de 25 pontos-base em março, para os 50 pontos-base em maio, e, mais recentemente, para os 75 pontos-base em junho. Uma estratégia muito mais agressiva que visa aliviar a pressão sobre a oferta através da supressão da procura – temendo-se até que possa provocar uma recessão em 2023.
Do lado dos dados económicos, a Alemanha apresentou em maio o primeiro défice comercial desde 1991, privada que está a sua indústria do abundante, e barato, gás natural que antes provinha da Rússia. E poderá ficar com ainda menos fornecimento no próximo inverno, temendo-se que Moscovo use o gás natural como arma no conflito que provocou em fevereiro, com a invasão da Ucrânia.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL, com Lusa