A opção de Bruxelas pelo nuclear começa a ganhar contornos mais claros, oito dias depois de a Comissão Europeia anunciar a intenção de conferir o rótulo verde às centrais nucleares de nova geração.
Thierry Breton, o comissário europeu responsável pelo Mercado Interno, disse este domingo que a Europa deve investir massivamente na construção de novas centrais de produção de energia. Em entrevista ao Journal du Dimanche, Breton disse que até 2050, a União Europeia deverá investir mais de 500 mil milhões de euros.
A mais curto prazo, no horizonte de 2030, o comissário avançou com um investimento de 50 mil milhões de euros para modernizar as centrais nucleares em funcionamento.
Na entrevista ao semanário francês, o comissário europeu disse ser “crucial” estender o rótulo verde à energia nuclear, no quadro da transição energética e dentro dos objetivos comunitários de neutralidade carbónica em 2050. Uma Europa livre de emissões é um objetivo que vai obrigar à mobilização de investimentos colossais na produção de energia. E ao classificar o nuclear como “verde”, o sector poderá beneficiar de financiamentos mais favoráveis para a modernização de que necessita.
No último dia de 2021, a Comissão Europeia revelou um projeto de atribuição de rótulo verde às centrais nucleares e a gás, com o objetivo de facilitar o financiamento de infraestruturas que contribuam para combater a emissão de gases com efeitos de estufa. Bruxelas pretende também estender esta rotulagem às centrais elétricas fornecidas a gás natural.
O texto da proposta ainda não é definitivo e tem provocado acesas discussões entre os 27 estados membros. A campeã dos defensores do nuclear é a França, à frente de uma dezena de países. A oposição é liderada pela Alemanha e a Áustria, entre outros Estados membros. Para já, o texto da proposta do executivo comunitário fixa que a construção de novas centrais atómicas comece antes de 2045. Se tudo correr como previsto, a proposta deverá ser apresentada no próximo dia 18.
Foto: Antiga central nuclear da EDF, em Île de France, Reuters
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL