A cena repete-se em vários caixas eletrónicos e, à primeira vista, parece apenas um esquecimento de alguém que não retirou todo o dinheiro do Multibanco. Uma nota parcialmente presa na saída de numerário tem servido de isco para um esquema que está a enganar sobretudo idosos e utilizadores distraídos. O chamado “truque da nota” já se tornou recorrente em vários pontos do Brasil e começa a despertar alertas de segurança para evitar que o golpe se espalhe.
De acordo com o portal brasileiro ND Mais, os criminosos colocam uma nota parcialmente visível no suporte por onde o dinheiro é habitualmente dispensado. À primeira vista, a situação sugere que alguém se esqueceu de recolher parte do dinheiro ou que o equipamento reteve uma das notas.
Segundo a mesma fonte, é esse momento de dúvida que abre caminho à abordagem do golpista, que se aproxima com a promessa de “ajudar”.
Nota presa, confusão e a aproximação do burlão
O truque baseia-se na reação instintiva do utilizador. Ao tentar puxar a nota, acreditando ter encontrado dinheiro esquecido, a vítima expõe-se à aproximação do criminoso. De acordo com a publicação brasileira, muitos golpistas aproveitam a distração para observar dados no ecrã, manipular a operação em curso ou até convencer a vítima a entregar o cartão “para verificar o problema”.
Segundo o ND Mais, o golpe funciona porque apela à curiosidade e ao impulso de recuperar uma nota aparentemente perdida, criando uma situação de vulnerabilidade que os criminosos exploram para aceder aos dados ou ao cartão.
Como evitar cair no “truque da nota”
As autoridades brasileiras recomendam que qualquer operação seja imediatamente cancelada ao detetar uma nota presa ou qualquer comportamento anómalo no Multibanco. Os especialistas citados pelo site explicam que retirar o cartão rapidamente e rejeitar ajuda de desconhecidos é fundamental para travar o golpe.
Entre as recomendações mais destacadas estão:
- escolher caixas eletrónicos instalados em locais movimentados ou dentro de agências bancárias;
- cobrir o teclado ao digitar a senha;
- verificar se existem peças soltas ou superfícies desalinhadas no Multibanco;
- não aceitar apoio de estranhos, mesmo que aparentem boa intenção.
Se existir suspeita de fraude, a orientação passa por bloquear de imediato o cartão, contactar o banco, verificar movimentos recentes e apresentar denúncia às autoridades. Segundo o ND Mais, os bancos devem também ser informados para inspecionar o equipamento e evitar novas vítimas.
Outros golpes comuns no Multibanco
O “truque da nota” é apenas uma das variantes de esquemas aplicados em caixas eletrónicos. De acordo com a publicação, continuam a ser registados casos de:
- skimming, com dispositivos que copiam dados do cartão;
- mini-câmaras, colocadas para captar códigos e movimentos;
- bloqueio da saída de dinheiro, impedindo o utilizador de recolher as notas;
- distracções presenciais, com abordagem simultânea de cúmplices.
Apesar de a maioria destes esquemas ser mais reportada no Brasil, as autoridades portuguesas têm alertado para a necessidade de reforçar cuidados semelhantes, sobretudo entre utilizadores mais idosos ou pouco habituados a operações digitais.
E em Portugal?
Embora o “truque da nota” não tenha, até ao momento, uma expressão significativa no país, o alerta é relevante. A Polícia de Segurança Pública tem recordado que qualquer anomalia no Multibanco deve levar o utilizador a cancelar a operação e a evitar interações com desconhecidos.
As recomendações portuguesas seguem linhas semelhantes às divulgadas pelo ND Mais: nunca entregar o cartão a terceiros, tapar o teclado ao digitar o código e, sempre que possível, utilizar caixas eletrónicos dentro de agências bancárias.
Num contexto em que golpes digitais e presenciais se sofisticam, a prevenção continua a ser a principal forma de proteção. E um simples gesto, como não tentar puxar uma nota presa, pode evitar perdas significativas.
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