Esta posição foi transmitida por Michael O’Leary em conferência de imprensa, em Lisboa, durante a qual afirmou que a Ryanair pode ver-se “forçada” a reduzir o número de aeronaves da base em Lisboa, de sete para quatro, no verão de 2022, com a perda de 20 rotas de e para Lisboa, “tendo em conta a contínua acumulação de ‘slots’ não utilizados” pela TAP no Aeroporto Humberto Delgado.
“A única razão para termos de mover estas aeronaves é porque a TAP não liberta ‘slots'”, afirmou o responsável da Ryanair, acrescentando que enviou uma carta ao primeiro-ministro, António Costa, para que a TAP liberte ‘slots’ (faixas horárias para descolar e aterrar) no aeroporto de Lisboa.
O plano de reestruturação da TAP, aprovado pela Comissão Europeia no final do ano, prevê que a companhia aérea portuguesa liberte 18 ‘slots’ (nove pares) no aeroporto de Lisboa, mas apenas no inverno deste ano.
A Ryanair entende que a libertação de ‘slots’ deveria acontecer já no verão e lembrou que investiu 700 milhões de euros no aeroporto de Lisboa, este inverno, com sete aviões, acrescentando estar disposta a continuar a investir no verão, “desde que o Governo português exija à TAP a libertação de alguns dos ‘slots’ não utilizados até ao final de fevereiro.
Caso contrário, em março, a Ryanair ver-se-á “forçada” a retirar três aeronaves do aeroporto Humberto Delgado.
A companhia aérea irlandesa defendeu que a libertação de ‘slots’ é uma forma de “promover a concorrência, o crescimento e salvaguardar rotas e empregos em Lisboa” e que, assim, poderia trazer a Lisboa mais um milhão de passageiros, este ano.
“Enquanto a Ryanair tem vindo a crescer, a TAP reduziu a sua frota em 20%, mas libertou menos de 5% dos seus ‘slots’ em Lisboa, tendo já absorvido mais de 3.000 milhões de euros em auxílios estatais”, apontou a companhia aérea ‘low cost’.
Ainda assim, apesar da potencial perda de aeronaves e rotas, a Ryanair anunciou a programação para o verão, de e para Portugal, com mais 15 novas rotas, para um total de 165, que incluem destinos como Bari (Itália), Billund (Dinamarca), Madeira e Paris (França), esperando crescer para 11,5 milhões de passageiros transportados.
Michael O’Leary disse prever um crescimento na Madeira, no Porto, este verão, e em Faro o responsável disse estimar que a operação naquele período seja melhor do que a de 2019.
“Esperamos ver uma grande recuperação do tráfego”, apontou o responsável.
A Ryanair defendeu ainda que o Governo acabe com a taxa turística de dois euros em Lisboa, até que o setor recupere dos efeitos da pandemia, e insistiu na construção de um novo aeroporto no Montijo.